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Nuddle, a engrenagem que faltava na KaBuM

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Após um ano conturbado, a Kabum E-Sports iniciou o Campeonato Brasileiro de League Of Legends 2018 com o pé direito. Em 2017, a equipe foi rebaixada ao Circuito Desafiante na primeira etapa depois de uma campanha regada por problemas estruturais — mas, após uma reestruturação de sua equipe e ambiente de trabalho, o time estreou o torneio na liderança, arrancando vitórias da CNB E-Sports e da vice-campeã Pain Gaming. Essa mudança de elenco envolveu a lapidação do talento Titan, a contratação dos já experientes Ranger e Dynquedo e, principalmente e talvez decisivamente, a vinda do head-coach Jean-François “Nuddle” Caron.

Nuddle possui um currículo diversificado na área esportiva. O treinador franco-canadense iniciou sua carreira ainda criança, competindo em esportes tradicionais como hockey e beisebol, mas teve de parar de jogar devido a lesões. De acordo com a Kabum, seu espírito competitivo o levou ao esporte eletrônico e ao League Of Legends — onde, nas temporadas 2 e 3, atingiu o top 30 entre os jogadores da América do Norte. Como coach, atuou na Nova eSports, time que disputou o circuito desafiante da América do Norte, e na Fnatic Academy, equipe B da organização que vendeu a vaga na LCS Europeia à Misterious Monkeys em 2017. Jean-François é graduado em Psicologia e cursou um ano de Recursos Humanos, as duas formações com o objetivo de melhorar suas habilidades de liderança.

Em entrevista ao Mais E-Sports, Nuddle contou que a adaptação à equipe foi tranquila principalmente por causa da natureza cooperativa de seus jogadores. “Eles se adaptaram à minha filosofia, que é de trabalhar duro todos os dias”, conta. Questionado sobre a vinda da equipe do Circuito Desafiante, o técnico é prático: “Quando se está muito atrás em uma corrida, você precisa ser muito mais rápido do que o usual se quer alcançar seus oponentes. É isso o que tentamos fazer todos os dias”, diz.

O trabalho em equipe da nova Kabum e o papel de Nuddle nisso

Na última série, o público foi surpreendido pelas rotações da Kabum E-Sports e, além da Kalista de Titan, pelas ultimates do Ryze de Dynquedo. Nuddle atribui a conquista à equipe, que, segundo ele, esteve muito focada em ser imaginativa essa semana. “Sobre as ultimates, eu literalmente cheguei nele antes do jogo e disse que seu único foco era ser criativo com o ultimate. Durante o jogo, eles usaram a imaginação, fizeram engages muito ruins e muito bons, mas acima de tudo criativos. Conseguimos a vitória também porque ele estava muito confortável com o campeão e transpareceu isso na série”, afirma.

O impacto do trabalho de Nuddle foi denunciado pelo topo Zantins ao final da última série. O jogador contou que o treinador está o tempo todo em busca de informações úteis ao time, sempre lendo sobre o jogo e olhando replays. “Quando a gente vai muito mal em treino, a gente pensa ‘pô, o Jean não merece a gente’. É na brincadeira, não levamos a sério, mas o que passa na nossa cabeça é que é uma falta de respeito com ele ter um desempenho ruim, por conta do trabalho e dedicação dele. Isso motiva bastante a gente. Dessas primeiras vitórias, 90% é por conta dele“, expõe, satisfeito com o trabalho de sua equipe.

De acordo com o treinador, grande parte da melhora no entrosamento da equipe se deve a atividades fora do jogo. “É um pouco cultural, porque eles gostam de se divertir, é claro. Aqui não é a Coreia, onde é só jogo: tem muito a ver com psicológico e pensamento. Nós vamos para a academia juntos, por exemplo, e estamos começando a nos esforçar em disciplina fora do jogo, a fim de que isso apareça dentro de jogo. Hoje [na série contra a Pain, em 28/01], para mim, isso foi o que realmente apareceu”, assume.

A formação em psicologia pode ser um diferencial no desempenho de Nuddle, que, para o atirador Titan, também tem um forte papel como psicólogo na equipe. Para o ADC, o técnico busca trabalhar na vida pessoal dos jogadores, auxiliando-os não apenas dentro do jogo como fora. “Ele me auxilia a ser um profissional melhor e mais maduro, a ser uma pessoa totalmente diferente do que eu achava que poderia ser. Então esse é o trabalho dele: trabalhar em nossa vida pessoal, dentro do jogo e nos ensinar a realidade das coisas”, revela.

A tática por trás de sua contratação e a expectativa para o CBLOL 2018

De acordo com o diretor da Kabum E-Sports, Guilherme Fonte, a busca por um treinador com experiência internacional levou a equipe a Nuddle, que se encaixou perfeitamente ao perfil buscado. “A vivência na LCS Norte-Americana e na Europeia, a proatividade nos trabalhos com a equipe, sua inteligência e seu interesse em se mudar ao Brasil foram fatores decisivos na contratação do Jean-François”, conta o executivo após a estreia vitoriosa de sua equipe, que garantiu a liderança do campeonato ao lado da fortíssima Red Canids.

A vitória contra a CNB E-Sports foi uma boa maneira de começar, visto que, para o coach, as equipes mais fortes são a Vivo Keyd, Red Canids Corinthians e INTZ E-Sports. Segundo o técnico, foi quase sorte ter pego a Pain Gaming na segunda semana, em um momento em que sua nova comissão técnica não estava completamente adaptada aos jogadores. “Acredito que eles irão progredir bastante como time a partir de agora”, opina.

Apesar do bom desempenho até agora, Nuddle é realista e crê que a maior batalha da Kabum será entre o 4º e o 8º lugar, considerando a força dos times favoritos ao título — por isso, diz não focar muito nos confrontos mais desafiadores nesse início de campeonato. A próxima série será contra a Red Canids, que, para ele, é obviamente o time mais forte no momento. Sobre isso, o técnico é simples: “É novamente sobre trabalho duro. Eles destruíram a CNB na última série, e nós já nos enfrentamos nos treinos. Eles são muito bons, então será uma semana bem intensa de preparações”, garante.

Nuddle, técnico da Kabum, auxiliando os jogadores antes da partida contra a Pain Gaming (Foto: Riot Games Brasil)

Vale lembrar que Nuddle não é o único técnico da Kabum, que conta também com Sylvio “Feefoo” Junior, responsável pela vitória no Circuito Desafiante e peça fundamental no resgate da vaga na primeira divisão, e com Gabriel “Halier” Garcia, treinador-assistente com equipes como Vivo Keyd e Operation Kino no currículo, além das latinas Kaos Latin Gamers e Dark Hors.

Com a experiência e conhecimento do jogo dos dois treinadores, a equipe busca a qualidade tática necessária para competir com nomes como Alexander “Abaxial” Haibel, a cabeça por trás das vitórias do Exodia da Vivo Keyd em 2015 e 2016, Ram “Brokenshard” Djemal e Lee “Icarus” In-Cheol, líderes da Red Canids, e o destaque Vinicius “Neki” Ghilard, que, ao lado de Ednilson “Jukaah” Vargas, comandam a comissão técnica da Team One.

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Evelyn Mackus
publicado em 2 de fevereiro de 2018

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