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Um dia na Overwatch League

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Eu cheguei acabado no Aeroporto Internacional de Los Angeles. Foram 18 horas de voo entre insônias e turbulências, mas isso era só o começo da viagem: durante a manhã inteira eu ainda encontraria guardas de fronteira desconfiados, comissários que não sabiam onde estava a minha mala e um motorista de Uber que explicou todos os jornalistas internacionais que já passaram pelo seu carro. Depois de tudo isso eu finalmente estaria lá, de frente para os estúdios da Blizzard. Exatamente onde a Overwatch League toma forma.

Meu destino nunca foi esse, na verdade — mas viagens nunca são viagens sem algumas improvisações. O evento que fui chamado nem era ali, nem era nesse dia, mas mesmo assim a Blizzard cedeu um ingresso para que eu entrasse na liga profissional de Overwatch por um dia. Tudo para eu sentir o gostinho de como é estar no mesmo ambiente dos melhores do mundo daquele jogo que eu tanto já havia jogado.

A fila não tinha uma alma viva e fazia jus ao meu atraso. As partidas já começaram há pelo menos uma hora, e a entrada estava quase deserta com estandes exibindo camisetas, chaveiros e acessórios de todos os times da liga. Pensei em parar ali para cobiçar algo da Boston Uprising, mas o dinheiro estava contadinho. Sem ambições, a escada de carpete foi meu rumo enquanto os ecos da narração em inglês já afirmavam que eu me aproximava da arena.

Overwatch League
Até o dog e o guardinha já estavam tirando folga quando eu entrei.

Já assisti várias e várias transmissões da Overwatch League, mas a pequena porta se revelou com o telão ao fundo de uma forma que eu não reconheci nada de relance. Era muito maior do que eu pensava. Infelizmente, os ângulos para tirar fotos eram milimetricamente controlados pela organização da arena, mas vamos brincar com a imaginação: pense na sala de cinema que você conhece tão bem na sua cidade. Agora, imagine ela um pouco maior. Tá aí.

A fileira da frente era de cadeiras comuns e estava parcialmente cheia, enquanto a arquibancada mais ao fundo estava vazia. Fazia sentido. Era a última semana antes dos playoffs, então as expectativas estavam na decisão dos próximos dias.

As séries do dia se passaram com rapidez desde que sentei na pequena sala de imprensa equipada com Coca-Cola, salgadinhos, duas televisões com todas as câmera da arena e dezenas de tomadas para reviver meu celular.

Toronto Defiant venceu Paris Eternal e isso eu perdi pelo meu atraso, mas era o segundo jogo que não podia escapar. Washington Justice suou a camisa para levar a série por três a dois contra a Boston Uprising. Já tinha reservado meu tempo para falar com o suporte da equipe, Renan “Alemão” Moretto, e ele me recebeu com a tranquilidade que só um brasileiro pode ter. Falamos dele ainda estar na reserva, de pastel e da sua vida dentro da competição.

Alemão Overwatch League
O Alemão jogou hoje? Não nesse dia, mas recebeu o Mais Esports para uma conversa.

Mais tarde, a San Francisco Shock detonou sem dó a Shanghai Dragons. Mas sem dó mesmo. Foram quatro mapas a zero contra eles. Eles estavam invictos nas últimas semanas e não era à toa que eles queriam muito a sua revanche contra a Vancouver Titans depois de perder na etapa anterior para os titãs.

E deles, eu já sabia que quem mais queria isso era o astro Jay “sinatraa” Won.

Ele veio para a entrevista de moletom e de chinelos. Sorriu quando eu falei que eles iriam ganhar na semana seguinte e bateu na mesa de madeira para espantar qualquer zica daquela conversa. E o azar foi até Vancouver, trazendo a vitória que Sinatraa tanto queria.

O palco foi uma experiência à parte. Atrás de cada um dos jogadores estava o herói que ele escolheu: Mercy, Reinhardt, Wrecking Ball, quem fosse. Por lá, a plateia pode acompanhar todas as informações dele em tempo real, seja a porcentagem da sua habilidade suprema, a barra de vida e qualquer status que tenha recebido. Ele até fica cinza quando o personagem morre dentro do jogo.

Nem imagino o caos sinistro que deve ser para fazer isso funcionar, mas sei de técnicos do cenário brasileiro que adorariam ter algo assim em suas mãos.

O cansaço por fim bateu na última série. Afinal, eram quase dois dias sem dormir direito. Mas não nego que tudo isso foi incrível: a Overwatch League é um lugar que eu definitivamente recomendo para os fãs de esports. É uma daquelas memórias inesquecíveis que só mesmo quem participou de um evento presencial pode lembrar. A plateia, os gritos, estar perto dos melhores ali, vibrando, torcendo.

Já passou mais de um mês e eu ainda lembro de sentar na frente da arena, naqueles bancos de cimento mesmo, e pensar comigo ao som do calor fresco da noite: mano, valeu demais passar um dia na Overwatch League.

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Maximilian Rox
publicado em 10 de julho de 2019, editado há 5 anos

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