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Vozes do CS:GO #7: Guizao

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Vozes do CS:GO é uma série que traz ao leitor do Mais Esports a história de vida dos narradores e comentaristas do Counter-Strike: Global Offensive. Além de falar sobre sua vida pessoal e suas trajetórias profissionais, os casters conversam um pouco sobre o cenário de CS:GO e dão dicas para quem quer seguir a carreira profissional na área.

O sétimo e último personagem de nossa série é o GuizaO, comentarista de Counter-Strike: Global Offensive. Em entrevista ao Mais Esports, GuizaO contou sobre sua vida, como começou a jogar CS e como virou comentarista, entre outros assuntos.

Guilherme “GuizaO” Kemen, 33 anos, morou até os seus 10 anos em Alphaville e depois um ano em São Bernardo do Campo. “Nessa fase em São Bernardo foi diferente. Minha vida em Alphaville era jogar futebol”, afirmou. Mas após sua mudança para a cidade do ABC Paulista, Guizao afirmou que não tinha vizinhos e por esse motivo apenas jogava futebol na escola. Após um ano em São Bernardo, o caster mudou-se para o bairro do Tatuapé por 20 anos, até se casar.

GuizaO quando criança. Foto: Arquivo Pessoal

Em 2005 e 2006, cursou Administração na PUC-SP, mas trancou após ir à Holanda fazer uma graduação em Relações Internacionais. Morou durante três anos nos Países Baixos, o tempo de um curso superior no país, e quando voltou foi terminar o curso de Administração.

O futebol, aliás, está sempre presente na vida de Guilherme. Além disso, o caster gosta de viajar, mas lamenta a falta de tempo: “Faz tempo que não tenho esse tempo [de viajar]. Desde que entrei no Esports, um dos sacrifícios que tive que fazer foi justamente esse.” Por conta desse impedimento devido ao trabalho, Guizao agora adptou seu hobbie para ter amigos em casa e se divertir em um churrasco, já que se define com uma pessoa caseira.

“Não sou muito de ir para bar, para balada”, contou. Na questão musical, Guilherme fala que curte de tudo e todos os ritmos possíveis. “Acho que a música tem seu momento. Você tem um momento para eletrônico, para rock, sertanejo. Depende muito do clima e de como você está no dia.”

GuizaO sempre foi apaixonado por futebol. Foto: Arquivo Pessoal

O esporte eletrônico

O interesse pelo esporte eletrônico veio assim que conheceu o Counter-Strike, com 15 anos de idade, em 2000. Durante o primeiro ano do Ensino Médio, os amigos do comentarista o convidaram para ir jogar em uma lan house. Guizão lembra com uma certa nostalgia: “Me diverti demais no casual. Eram 16 contra 16 na Dust. Eu lembro até hoje desse cenário. A gente de TR naquela caixa antes da entrada do escuro e todo mundo camperando lá”, relembrou.

Os mesmos amigos que incentivaram o caster a ir na lan house jogar, também tinham um PC em casa e sem internet, o CS era uma modificação na qual jogavam com bots e com vozes em português. Guizao lembra que sempre na saída da escola pagava um pastel para poder subir na casa de seu amigo e conseguir jogar CS por uma hora.

Após uns dois meses, o mesmo amigo conseguiu descolar um patrocínio da lan house como time e chamou o comentarista. Vale um lembrete: esse patrocínio era apenas a oportunidade jogar de graça quando a casa não estava cheia. Guilherme começou a competir no ano 2000 e passou por diversas lan houses no Tatuapé.

Como tinha diversas lans no bairro, Guizão falou sobre: “É importante lembrar que nesses primórdios, o Tatuapé era um lugar que tinha muita coisa de Counter-Strike. Gaules, g3x, MIBR, Lance, GameCrashers, btt. Todo mundo era dali; o Gaules era da minha escola”.

Apesar de treinar junto com os nomes que no futuro fizeram história no cenário nacional, Guizao nunca foi da nata de ganhar campeonatos, como o próprio comentarista afirma, mas sempre estava presente nas competições e era o capitão das equipes que jogou.

O comentarista em ação em jogo da Luminosity contra a Ghost. Foto: Arquivo Pessoal

De 2003 até 2006, Guizao ia à cidade de Atibaia todo final de semana jogar, já que seus amigos conseguiram um patrocínio da Monkey na cidade. “A gente foi lá e era um show. Eu cheguei, comecei a jogar e todo mundo ficou me conhecendo […]. Atrás do meu PC ficavam umas 10, 15 pessoas para me assistir jogar”, relembrou.

Início profissional no CS:GO

Guizao fala do início de sua jornada no Counter-Strike como um hobbie, uma coisa feita mais por diversão e que por esse motivo as dificuldades enfrentadas por ele eram nulas; eram outros momentos.

Em 2009, o comentarista iniciou um estágio na área administrativa de uma empresa e depois foi para a Duratex, uma empresa de capital aberto, e cuidava do relacionamento com investidores nas Bolsa de Valores, mas contou que aquilo não era exatamente o que lhe fazia bem. Após isso, Guizao abriu sua própria empresa de importação e com o contato com a China, sempre trabalhava de madrugada.

Ao voltar da Holanda, um amigo lhe chamou para jogar o novo CS que havia lançado. Quando pegou Xerife em sua primeira patente, o time que Guilherme jogava decidiu competir. O primeiro jogo foi contra um time feminino na Liga Amadora da Gamers Club e o narrador foi Ricardo “qeP” Fugi.

GuizaO durante a DreamHack Jokoping 2017 quando era coach da Alientech, que depois virou Bootkamp. Foto: Arquivo Pessoal

Quando estava em um restaurante, uma semana depois do jogo, um companheiro de time de Guizao foi chamado por qeP para narrar. Durante a partida, o microfone desse companheiro deu defeito e Guizao entrou em seu lugar. Guizao comentou por quatro, cinco meses até que fez uma proprosta para qeP para ser seu comentarista fixo.

Nos oito meses seguintes, Guizao comentou mais de 500 partidas sem ganhar um real. Foram DreamHacks que foram transmitidas por 30 horas durante três dias e, finalmente, em novembro de 2016 ganhou sua primeira remuneração. Logo depois foi comentarista fixo da Gamers Club e suas primeiras transmissões foram na Azubu para um público de 20 pessoas.

Momentos importantes na carreira

Assim como os demais casters entrevistados nessa séries, a ESL One Belo Horizonte foi um momento marcante em sua carreira. Como convidado de Bernando “BiDa” Moura na ESL Pro League, em São Paulo, Guizao sentiu uma atmosfera e que no próximo evento daquele tamnho ele estaria ali apresentando e comentando a partida para milhares de pessoas.

“Foi o campeonato mais importante para mim. Pode acontecer um Major no Brasil, para 30 mil pessoas. Pode ser mais relevante? Sim. Mas ESL One BH foi um diferencial na minha vida”.

GuizaO e Pablo “xrm” Oliveira durante a ESL One Belo Horizonte. Foto: Reprodução/Felipe Guerra

Planos para o futuro

Desde 2018, o comentarista  buscando aumentar seu portfólio e, ao lado de BiDa, foi atrás da produtora do PUBG para organizar o primeiro campeonato da modalidade no país. Também no ano passado, Guizao foi convidado pela Ubisoft para comentar o cenário de Rainbow Six: Siege. Seu futuro é nessa linha, como comentarista e analista dos jogos, mas afirma que consegue desempenhar todas das funções na transmissão.

GuizaO, André Meligeni e Petar Neto no Brasileirão de Rainbow Six. Foto: Reprodução/Gui Caielli

O Counter-Strike a longo prazo

O CS tem tudo para ter uma vida muito longa, segundo Guizao. “Com esse modelo novo de negocios, com jogo fixo, recebendo atualizações e que consegue monetizar in game, ele não tem realmente um fim”, afirmou. Mas Guilherme também lembrou que o game pode se tornar obsoleto, na questão dos seus gráficos.

Ídolos

Os elogios foram todos para BiDa, não só na questão profissional como também pessoal. “O BiDa é um cara difenciado, é uma pessoa sensacional e como o coração maravilhoso que ajudou todo mundo na narração desde o começo. Ninguém estaria na narração se não fosse o BiDa lá atrás. Foi ele que abriu as portas”, declarou. “Hoje em dia eu tenho o prazer de falar que é um grande amigo meu”, completou.

Conselhos

Aos leitores do Mais Esports, Guizao deixou uma mensagem àqueles que querem serem casters. Primeiramente, o narrador sugere não colocar todo o foco na área e que tenha um plano B para caso não obtenha êxito. Entender que irá precisar mostrar o trabalho: narrar demos para montar portfólio, ir atrás de pequenos campeonatos. Além disso é importante, segundo o caster, ir atrás de um narrador que também está iniciando. “Você só evolui quando você dá cara a tapa. Depende de você e se você não fizer nada, ninguém irá fazer por você”, completou.

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Bruno Martins
publicado em 27 de março de 2019

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