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Conheça o Projeto Sakura, iniciativa que busca ajudar garotas a entrarem no ambiente de Esports

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Apesar da maioria dos Esports não terem restrições de gênero para as equipes, vivemos em cenários onde os homens ocupam 100% do espaço quando o assunto é ser jogador profissional. Muitas discussões acontecem todos os dias sobre o porquê dessa unanimidade masculina, já que esse meio não depende de esforço físico e sim de esforço mental. Vários motivos são apontados: a diferença de criação entre homens e mulheres desde pequenos; o grande machismo envolvido nesse meio; falta de figuras inspiradoras para as mulheres; entre outros.

Projetos estão sendo criados para tentar mudar essa situação e incentivar as mulheres a entrarem nesse cenário e se sentirem confortáveis, poderem chegar na elite e se destacar tanto quanto os homens. Entre essas iniciativas está o Projeto Sakura, que busca ajudar as garotas do cenário feminino brasileiro a terem uma experiência melhor nos Esports. O Mais Esports conversou com a Juliana “Moondded” Alonso, uma das idealizadoras e criadoras do projeto, que contou sobre como surgiu a ideia, objetivos da iniciativa, problemas enfrentados, planos futuros e muito mais.

Criação e objetivo do projeto

De acordo com Moon, a ideia inicial era criar um grupo no Whatsapp para que as mulheres pudessem se juntar e jogar juntas, ensinando umas às outras. “Estávamos irritadas com o fato de muitos homens sempre ficarem falando que mulher não é boa o suficiente para jogar em alto nível, mas nunca moverem um dedo para ajudar, nunca se oferecerem para ensinar uma menina a jogar melhor”.

O grupo acabou perdendo força devido a algumas desavenças entre as integrantes. Em setembro de 2018, as garotas retomaram a ideia do grupo, porém mais uma vez tiveram alguns problemas internos, que ocasionou na saída de uma das criadoras. Desde então, Moon começou a administrar e expandir sozinha o projeto.

O objetivo desta iniciativa é trazer visibilidade para as mulheres dentro do cenário gamer, incentivar a competitividade e estimular a parceria entre elas mesmas, tanto dentro quanto fora do jogo. “Queremos criar um ambiente seguro, onde as mulheres se sintam à vontade e se deem conta de que não são ‘poucas’ dentro desse meio, como muitos insistem em dizer. Nós podemos e queremos ajudar umas às outras”.

No momento, Moon cuida sozinha do projeto, mas afirma que está trazendo outras mulheres para a organização aos poucos, com o objetivo de montar uma equipe bem consolidada. Apesar das publicações terem um foco maior no League Of Legends, o projeto busca abrigar mulheres dos mais diferentes jogos. “Começamos com o conteúdo de LoL porque é a minha ‘zona de conforto’. Também é onde eu mais vejo a ausência da comunidade feminina, o que me fez começar a questionar o porquê dessa ausência”.

Campeonatos organizados pelo Projeto Sakura

Dois campeonatos femininos já foram organizados pelo Projeto Sakura e tiveram uma boa adesão do público. O primeiro deles contou com premiação em RP, dada pela Riot Games, e transmissão na Twitch. Já na segunda edição, uma pessoa doou uma pequena quantia em dinheiro para que pudesse ser usada na premiação. Moon conta que no primeiro torneio, a equipe vencedora sofreu acusações de que o namorado de uma das participantes estaria jogando, e com isso, dando vantagem para o time em questão.

“Uma das meninas da equipe vencedora namora um jogador profissional, e nas filas ranqueadas, ela normalmente joga em uma posição diferente da que estava jogando no campeonato. Ela estava jogando como caçadora e nas duas últimas partidas, fez dois roubos incríveis, um de Dragão e outro de Barão. No final de tudo, uma das jogadoras do time que ficou em segundo lugar disse que achava que não era ela jogando, e então as pessoas começaram a compartilhar isso em diversos grupos e redes sociais, como se fosse uma verdade. Eu fiquei com muita raiva porque tinha me dedicado muito na organização desse campeonato e não queria que meu projeto ficasse mal falado por conta de mentiras. Uma das meninas tinha gravado as jogadas em questão, então eu postei esses vídeos nas redes sociais falando sobre o quanto era ridícula essa acusação.”

Uma das regras presentes desde o primeiro campeonato é que todos os times são obrigados a usar um servidor de Discord do projeto, caso contrário, esse time já é desclassificado antes mesmo do inicio da partida. Todas as garotas do time devem estar com o microfone ligado e se comunicando durante a partida. Cada time tem sua sala particular no servidor com uma monitora do projeto, que é responsável por ouvir toda a comunicação para garantir que não tenha nenhum homem jogando por uma das garotas. Se essa monitora escutar alguma voz masculina suspeita, a Moon entra na sala imediatamente para averiguar, e se for constatado que é um homem jogando no lugar de uma das meninas, o time é automaticamente desclassificado.

“Na acusação em questão, eu estava pessoalmente monitorando a equipe vencedora para garantir que algo do tipo não acontecesse e mesmo assim algumas pessoas ignoraram esse fato e continuaram espalhando mentiras por aí, mas no final acabou que tudo foi resolvido”

A importância de campeonatos femininos

Muitas discussões sobre os benefícios da criação de campeonatos femininos surgiram nas últimas semanas e várias garotas deram seus pontos de vista sobre o assunto. Moon comentou o que acha disso:

“Eu particularmente acredito que as mulheres ainda não estão ocupando os lugares que deveriam como jogadoras profissionais por alguns motivos como a falta de incentivo, o receio sobre o rage pesado que elas vão receber só por serem mulheres e estarem lá, a falta de expectativa quanto ao futuro entre outros. Nós entendemos que a criação de um competitivo feminino vai primeiramente incentivá-las a gostar de competir, além de fazer com que elas adentrem aos poucos o competitivo misto, desconstruindo vários preconceitos que a comunidade tem sobre as mulheres”.

Aos 17 anos, a jogadora Geguri jogava tão bem que teve que provar para a comunidade coreana de Overwatch que não usava hack. Hoje ela joga profissionalmente na Overwatch League. Confira mais informações sobre o caso aqui.

 

Sabotagem e aprendizados para os próximos campeonatos

O problema enfrentado no Projeto Sakura já aconteceu em diversos outros campeonatos organizados pela comunidade, inclusive campeonatos masculinos/mistos. É muito difícil ter o total controle de quem está realmente jogando nas contas, principalmente quando o único fator que se pode ser usado como prova é a comunicação do time durante os jogos. A “sabotagem” dos campeonatos femininos pelas próprias mulheres é algo que entristece bastante principalmente as próprias mulheres, pois o cenário feminino já tem pouca força, e quanto as próprias beneficiadas de iniciativas como essa buscam meios de trapacear, isso atrapalha o ambiente como um todo.

“Isso me frustra profundamente porque no final é só dar mais munição pros caras machistas atirarem na gente. É lutar contra si própria, atirar no próprio pé por um prêmio minúsculo. Ainda prejudica profundamente o projeto e todas as mulheres que querem melhorar, o egoísmo é uma **rda. Acredito que algumas façam isso pelo prêmio (1,6k de RP, é ridículo fraudar uma competição de elo livre por tão pouco) ou talvez só pelo gosto de poder dizer ‘eu já ganhei um campeonato’. Pena que esse tipo de atitude desmotiva muito quem doa seu tempo e disposição pra fazer os campeonatos. Eu aprendi que é extremamente difícil organizar pessoas, não importa o que você faça ou o quanto se esforce, sempre terá alguém insatisfeito”

Mais dois campeonatos já estão nos planos do projeto. Algumas alterações serão feitas para que a experiência das participantes fique melhor. A transmissão novamente será feita na Twitch e terá horários que não conflitem com o CBLoL. Com o crescimento do projeto e consequentemente do alcance e divulgação, é esperado que se consiga 16 times dessa vez, o que envolveria a participação direta de no mínimo 80 garotas. Outras modalidades como CS: GO, PUBG, Rainbow Six e Fortnite também estão nos planos da iniciativa.

“No final é muito gratificante ouvir pessoas dizendo ‘obrigada por ter feito isso por nós’. Isso me deixa muito feliz”

Figuras públicas femininas que apoiam a iniciativa

Em poucos meses o projeto passou de 500 seguidores no Twitter para mais de 2000. Além de todo o engajamento da comunidade feminina em compartilhar as publicações, também se tem o apoio de algumas figuras públicas já famosas dentro do cenário. “A Queen Briny conversou conosco sobre a questão dos campeonatos, se ofereceu para entrevistar as meninas e ajudar na premiação, uma verdadeira anja”.

Queen Briny é uma das maiores streamers do Brasil.

“A Poulie também veio conversar com a gente sobre como o projeto era legal e se dispôs a ajudar nos campeonatos também. A Sam, Streamer e social media da Redemption, veio nos parabenizar pela iniciativa. Também recebemos apoio da Carlota, Evelynn, Sté, Daniela Rigon, Letícia Motta, que são algumas das garotas envolvidas no jornalismo de Esports. Todo esse apoio, mesmo des mulheres que não são figuras públicas, é muito importante pra gente, nos incentiva a continuar e mostra que estamos no caminho certo”.

Mesmo sendo voltado para meninas, o projeto acaba atraindo muitos homens para as postagens e discussões, o que provavelmente já era esperado e nem sempre é ruim, afinal uma parte da ideia é conscientizá-los para que as mulheres possam ter igualdade nesse meio. Muitos estão dispostos a mudar seus pensamentos, entender os argumentos e ter uma discussão legal sobre o assunto, mas também sempre tem os que estão ali só para insultar as envolvidas.

“Quando o projeto era menor, eu lidava com esse tipo de pessoa sendo bem irônica, mas agora eu vejo que isso pode trazer uma imagem não profissional, então atualmente eu só faço o possível para não me exaltar. Dependendo da pessoa eu até tento explicar que as coisas não são bem do jeito que ela enxerga, mas às vezes simplesmente não dá. Por incrível que pareça nunca recebemos nenhum tipo de xingamento no nosso inbox, e eu fico bem feliz com isso, afinal o propósito do projeto é ajudar mulheres, não queremos prejudicar alguém”.

Parcerias e planos futuros

Com o crescimento e visibilidade da causa, a iniciativa já começa a ganhar seus primeiros parceiros. A  Team Innova, uma equipe profissional de Esports e Mix Femme, organizadora de campeonatos femininos de CS:GO, se juntarão ao Projeto Sakura.

“O Marcelo, da Innova, fez uma reunião conosco e falou como poderia nos ajudar e o que esperava de nós como organização. Eles têm muitos planos legais para a nossa parceria então ficamos felizes de conseguir fechar acordo. A Mix Femme viu o nosso trabalho com os campeonatos e acharam muito interessante essa questão de usarmos os torneios como forma de trazer visibilidade e instigar a competitividade entre as meninas. Também será uma parceria incrível e estamos muito felizes que as coisas estejam indo bem tão rápido”.

Moon não hesitou em mostrar o quanto estava feliz com toda a visibilidade que o projeto vem ganhando. “Eu me sinto absolutamente incrível. A comunidade está nos abraçando cada dia mais, as parcerias estão surgindo, os campeonatos estão acontecendo, todas as coisas estão indo muito melhor do que eu imaginei que pudessem ir.”

Ao ser questionada sobre as dificuldades enfrentadas em todo esse caminho, Moon se mostrou firme e empenhada em continuar com o projeto mesmo com esses problemas. “As dificuldades sempre existiram. Nós sempre tivemos que lutar contra elas sozinhas. Sempre tivemos que lutar contra o machismo sozinhas, contra todo esse preconceito que as pessoas têm sobre as mulheres que jogam, todo esse ódio. Agora nós temos umas às outras, podemos nos apoiar e lutar de fato contra isso.”

Como parte dos planos futuros do projeto, ela destaca a criação de conteúdo próprio voltado para esse meio. A ideia é continuar apoiando as mulheres nas mais diferentes áreas dentro desse “universo gamer”, sejam elas jogadoras casuais, profissionais, Streamers, produtoras de conteúdo, entre outras. “Nossos planos são expandir cada vez mais o projeto, dar cada vez mais suporte às mulheres. Queremos continuar incentivando a competitividade entre as mulheres e apoiando os times que estão surgindo”.

Antes de finalizar a entrevista, Moon deixou um recado final para todos que estão lendo: “Tentem se colocar no lugar do outro, sempre. A luta pelas mulheres não é uma luta contra os homens, mas sim uma luta contra o machismo. Apoie as mulheres que vocês conhecem, ajudem-nas a alcançar seus sonhos, ajudem-nas a melhorar, sempre que possível. No final vale muito à pena, e você vai poder fazer o dia de alguém melhor”.

Você pode acompanhar todas as notícias sobre o Projeto Sakura em seu perfil oficial no Twitter. Caso queira entrar em contato com a Moon, pode achá-la em seu perfil pessoal no Twitter.

 

Veja também: Vaevictis faz história e usará line-up 100% feminina na LCL

Bruno Rodrigues

por Bruno Rodrigues

Publicado em 13 de fevereiro de 2019 • Editado há 5 anos

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