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Por que o Brasil não vai bem internacionalmente no League of Legends?

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O Brasil participou novamente de uma competição internacional de League of Legends. Desta vez, Keyd Stars e Red Canids foram as representantes no Rift Rivals, o mais novo torneio da Riot Games.

Neste último torneio jogamos contra os nossos adversários mais próximos do LAS e LAN. De todos os adversários, apenas a Lyon Gaming realmente preocupava mas na hora do torneio a história foi outra. As duas equipes do LAS mostraram um nível bem maior que o esperado e fizeram o Brasil passar sufoco para vencer o campeonato.

Mesmo saindo vitorioso, o resultado foi chocante para o cenário. Quando o torneio foi anunciado tinha gente falando que o Brasil seria o menos favorecido com essa competição pois jogaríamos contra adversários muito inferiores. Vamos analisar algumas coisas e entender o porquê do Brasil não ter bons resultados internacionalmente.

Pontos positivos do cenário

Antes disso, acho legal a gente falar alguns pontos que são ótimos no Brasil. As nossas equipes hoje tem bastante estrutura, os times vem investindo cada vez mais em comissão técnica e ter um psicólogo é algo comum no CBLOL.

O Brasil também um público incrível e bastante caloroso. Se tem uma coisa que o brasileiro sabe é torcer. Mostramos isso para o mundo no MSI né?

Para finalizar este quesito, vamos comentar sobre a SK Gaming. Eles estão fazendo história no CS:GO com a sua line-up composta por 5 brasileiros. Isso é extremamente inspirador para todo brasileiro que compete em algum e-Sport. 

 Pontos negativos

1 – Localização geográfica

Devido à localização geográfica do Brasil, os times daqui conseguem treinar apenas com equipes brasileiras e com as equipes do LAS. Não acho que este é um fator determinante para as nossas performances ruins nos torneios internacionais.

INTZ após vencer a Edward Gaming no Mundial. Foto: Riot Games

Os times da Rússia por exemplo podem treinar com times da LCS, mas durante o Wildcard do ano passado, Kira me contou que eles não treinam com nenhuma equipe da LCS.

Solução?

Os times devem realizar mais bootcamps. Nos últimos anos tivemos alguns bootcamps da INTZ, paiN e Keyd para Europa, Estados Unidos e até mesmo Coréia. Precisamos que esses bootcamps aconteçam com mais frequência.

Enviar 6 a 8 pessoas para outro país durante um mês ou até mais não é nada barato, é um investimento pesado mas necessário para o nosso cenário.

2 – Poucos campeonatos internacionais

As equipes brasileiras tem poucas oportunidades de competir contra equipes de cenários mais fortes.

Em 2016, a INTZ não conseguiu a classificação para o MSI que ficou com a SuperMassive, indo para o Mundial o time brasileiro teve a oportunidade de jogar 6 jogos contra equipes de regiões mais fortes durante o Mundial.

Balls e TinOwns se cumprimentam no Mundial de 2014. Foto: Riot Games

Em 2017, a Red Canids não saiu da fase de entrada do MSI e também não jogou nenhuma partida contra equipes das consideradas “regiões majors.” A matilha também não aceitou o convite da IEM Katowice que foi a última IEM com League of Legends.

Existe a possibilidade de não ter nenhuma partida entre CBLOL e uma região major dependendo do resultado da fase de entrada do Mundial.

Não é só o Brasil que sofre com isso. A falta de campeonatos internacionais ajuda com que a região que está no topo (Coréia) permaneça lá.

Solução?

Vou ser bem sincero. Não sei como resolver este problema. O circuito proposto pela Riot Games faz com que campeonatos internacionais aconteçam com bem menos frequência. Mesmo assim, a empresa vem realizando cada vez mais eventos. O MSI surgiu em 2015 e o Rift Rivals este ano. Espero que tenhamos mais novidades em 2018. 

Mesmo sendo contra times de outras regiões do Wildcard, campeonatos como o Rift Rivals devem ser abraçados pelas equipes que representam o Brasil e utilizados como forma de aprendizado. Será que a Red e a Keyd voltaram mais fortes do Chile? 

3 – O formato do CBLOL

A Riot LAN apontou o formato do CBLOL como o ponto mais fraco do nosso cenário e com bastante razão. As equipes do CBLOL jogam bem menos que em outras regiões. Como a própria Riot LAN definiu: “Pouca prática e muito descanso.

A MD2 também é algo super complicado. Os times não tem espaço para errar. Testar algo novo no fim de semana e perder a primeira ou a segunda partida são 2 pontos a menos na tabela. Em um formato de MD3, uma equipe tem mais liberdade de testar novas estratégias e até mesmo line-ups diferentes.

Recomendo a leitura da coluna do etsblade aqui no Mais e-Sports sobre o assunto!

Solução?

Precisamos de um formato melhor para 2018. Ao implementar MD3 no campeonato, o mesmo também precisa contar com “ida e volta” aumentando ainda mais o número de jogos.

As equipes jogariam de 28 a 42 jogos durante a fase regular do split e duas vezes por semana.

4 – Métricas de vaidade

Vários dados que nós temos sobre o nosso cenário de League of Legends podem ser vistos como métricas de vaidade. O alcance social dos jogadores, número de espectadores do CBLOL e etc.

Esses números são incríveis e mostram o tamanho do nosso público e o quão apaixonada é a torcida brasileira.

Esses números servem para nada dentro de Summoner’s Rift. 

Por incrível que pareça, esses números enganam e dão uma falsa sensação que o Brasil tem um cenário muito mais forte que outras regiões do Wildcard como Turquia, Vietnam e Rússia. Esses números enganam a comunidade e podem enganar até mesmo os próprios jogadores.

Solução?

Todos precisamos de cair na real e entender que o nível de jogo do CBLOL não está tão à frente das outras regiões minors.

5 – A nossa soloQ

Não tem como não falar um pouco sobre a qualidade dos jogos da nossa famosa soloQ brasileira. Com um número pequeno de jogadores que estão realmente dispostos a melhorar e buscar uma carreira competitiva, com isso, o nosso desafiante tem um nível baixíssimo e os jogadores raramente conseguem bons jogos na soloQ.

Já está se tornando padrão de equipes da LCS NA e EU fazerem bootcamps na Coréia durante os intervalos dos campeonatos e principalmente no pré-Mundial. Além de treinar com equipes sul-coreanas, os jogadores buscam a soloQ coreana que é reconhecida como a mais difícil e de maior nível do mundo.

Mesmo não sendo igual a coreana, a soloQ europeia também é muito elogiada. Além dos europeus, jogadores da Turquia e Rússia conseguem jogar lá com um ping decente.

Solução?

Uma coisa extremamente importante é que os jogadores tenham em mente que eles não jogam em busca de PDL. Vitória para o jogador é evolução durante uma partida da soloQ.

Precisamos de mais jogadores casuais do challenger empenhados a melhorar o seu nível e até mesmo sonhando e buscando ser profissional. Melhorar o nível da nossa soloQ é mais um ponto necessário para o crescimento do cenário.

6 – Renovação de jogadores

Acompanho o cenário brasileiro desde sua existência. No início, o campeonato principal era a famosa GO4LOL da ESL no domingo. Várias figuras marcadas daquela época como Revolta, Lep, brTT, Kami e Takeshi continuam até hoje jogando profissionalmente.

Com a chegada do CBLOL em 2015, não tivemos um número tão grande de talentos surgindo dentro das equipes.

Quando chegava o final de um split acontecia a famosa “dança das cadeiras” e os times simplesmente trocaram figurinhas. Quando algum jogador novo aparecia em uma dessas grandes equipes, geralmente, foi por falta de opção.

Solução?

Existem mais Juzinhos, Envys, Ayels e 4LaNs em nossa soloQ. O simples fato de uma organização levar um jogador que sonha em ser profissional para a Gaming House já faz com que ele tenha uma evolução gigantesca.

Foto: Riot Games

O trabalho que a Keyd está fazendo neste split levando 3 jogadores inexperientes para a Gaming House como reservas é incrível! Que mais equipes façam o mesmo.

Conclusão

Apontei diversos pontos e tentei trazer soluções para eles. Não existe receita de bolo para melhorar o nosso cenário, mas tem pontos que realmente podemos corrigir.

No Twitter, diversas discussões sobre o formato do CBLOL foram feitas nas últimas semanas. O formato realmente é algo que nos prejudica, mas ele não é o único problema.

Espero que tenha curtido a leitura! Deixe nos comentários a sua opinião. O que você concorda e o que você discorda.

 

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Eric Teixeira
publicado em 12 de julho de 2017, editado há 7 anos

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