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Fundador do AfroGames afirma:“Nosso objetivo é ser a maior organização do Brasil”

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O primeiro projeto de esports em uma favela no mundo: essa é a frase de abertura do AfroGames, localizado na comunidade de Vigário Geral, no Rio de Janeiro. Iniciado em 7 de maio deste ano, os alunos foram presenteados com a ida à Arena Jeunesse para acompanhar a final do CBLoL, entre Flamengo e INTZ, onde os rubro-negros se consagraram campeões.

Lá, o Mais Esports teve a oportunidade de conversar com o fundador do projeto, Ricardo Chantilly. Para ele, o balanço até agora tem sido muito maior que o esperado: “O impacto dentro da favela foi gigante. Uma das coisas que descobrimos é que alguns jovens gostam de futebol, outros de ballet, outros de vôlei, mas todos gostam de computador. Aí a adesão foi em massa.”

Alunos e professores do AfroGames foram à Arena ver Flamengo x INTZ (Foto: Dario Costa/AfroGames)

A adesão do projeto na comunidade foi tão positivo que a iniciativa já está buscando um segundo espaço, também no Rio: Uma segunda unidade, desta vez no morro do Cantagalo, e a construção de uma arena de games, também a primeira em favelas no mundo.

Além de um projeto de inclusão social, o AfroGames tem um objetivo ousado e promete aparecer no cenário de LoL profissional em 2020. Para isso, explica Chantilly, a primeira turma será concluída em dezembro e os dez melhores serão contratados como jogadores profissionais (cinco titulares e cinco reservas) e disputarão o acesso ao Circuito Desafiante.

Ricardo aproveita, também, para contar os planos da AfroGames em fechar uma parceria com uma organização, cujo nome não foi revelado: “Estou fechando com uma organização profissional, de São Paulo, onde eles darão todo o suporte técnico para nós.”

“Temos dois lados nesse projeto: Gerar lucro, gerar renda, faturamento e emprego, mas ao mesmo tempo, ele é social. Então, tendo dez jogadores de favela no primeiro ano, já sendo profissionalizados, isso é um exemplo que não temos nem ideia do impacto que isso vai mostrar naquela favela e em todas as outras, ou seja, é possível ser profissional de esports. Essa é a nossa mensagem”, conclui.

Foto: Dario Costa/AfroGames

Luis Gustavo, 21, Gustavo Henrique, 14 e Maicon, 17, são três alunos do AfroGames que estão no projeto desde o primeiro dia. A alegria e empolgação de estarem se inserindo nesse meio é nítida nos seus olhares e a maneira com que descrevem a sensação de terem esta oportunidade nas mãos:

“Está sendo uma experiência, estamos aprendendo muito. Está sendo muito bom para o nosso aprendizado, quero que continue cada vez mais. O que aprendemos e queremos repassar para outras pessoas, não só nós”, afirmam Luis e Gustavo.

Maicon engrossa o coro de seus colegas, falando que quer ajudar outros jovens a terem um objetivo: “: Vemos muitas pessoas a toa na comunidade, porque só de morarmos em uma, já não somos bem vistos. Aí vemos pessoas a toa e damos um palpite, perguntamos se quer fazer o curso e falamos o que estamos fazendo. Então, já que eu sei que está nos ajudando, nós queremos trazer mais pessoas para o projeto. Eu tenho um amigo,  Daniel, ele tinha interesse mas não tinha aquela pessoa para apoiar, aí eu ofereci ajuda e ele entrou, isso me deu uma grande emoção.”

Os objetivos do trio são ousados, todos querem seguir carreira como jogadores profissional de “LoLzão”, como eles definiram: “Um dia também estaremos lá (No palco, na final do CBLoL), jogando contra o Flamengo ou qualquer outro time.” “Já me vejo no futuro, competindo com os melhores, fazendo parte do Flamengo”, eles contam empolgados.

Eles terminam a entrevista dando um recado para os moradores de comunidade do Rio, do Brasil e do mundo: “Tem que correr atrás. Se correr atrás, sem ligar para o que os outros falam e acreditar em si mesmo, isso é possível. Essa oportunidade bateu na porta da nossa casa, agora não podemos deixá-la fugir”. “Eu digo que, na nossa comunidade, foi inesperado. Eu peço paciência para as pessoas, pois na nossa demorou, mas se aconteceu lá, pode acontecer em outros lugares. Pode demorar, mas chega. Deus tarda mas não falha”, declaram.

Dando um ponto final na conversa, Maicon agradece o projeto pela iniciativa: “Eu quero pedir para que eles não desistam dos seus sonhos. Estamos gostando muito do projeto, só tenho a agradecer.”

Mesmo um pouco tímidos, Luis (dir.), Gustavo(centro) e Maicon (esq.) mostraram empolgação na entrevista (Foto: AfroGames)

Por último, falei com o Professor Renan Costa. Ele dá aula de League of Lengends na AfroGames, e também tem perspectivas otimistas para o futuro, assim como seus alunos.

“Estão todos bem empolgados, alguns até assistem a ligas estrangeiras para treinar o inglês. A perspectiva é, assim como no futebol, sair cada vez mais jogadores das favelas. Hoje eu vejo garotos que estão num nível baixo, mas têm um baita talento e nunca tiveram uma oportunidade de jogar e ter acesso ao computador. Hoje com acesso, eles estão evoluindo de uma forma tremenda.”

O AfroGames está atuando na Vigário Geral há cerca de quatro meses. Continuando com esta empolgação, desde os organizadores, professores até os alunos, com certeza podemos esperar grandes coisas deste e outros projetos.

“Se pararmos para pensar que o futebol, o basquete e o boxe, por exemplo, só viraram esportes gigantescos depois que o negro entrou, depois que a Classe D e E entrou. Estamos fazendo a primeira porta de entrada”, finaliza Chantilly.

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Vitor Ventura
publicado em 12 de setembro de 2019, editado há 5 anos

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