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Opinião: A megalomania da DreamHack Rio

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No primeiro dia, horas de atraso fizeram o público ir embora antes do fim das partidas (Foto: Roque Marques/Mais Esports)

No dia 19 de fevereiro, a DreamHack Open Rio anunciou seus três primeiros convidados: Luminosity Gaming, FURIA eSports e Sharks Esports. Na ocasião, eu fiz um tuíte – aparentemente inofensivo -, dizendo que o evento estava “meio morto”.

Prontamente, um dos membros do comitê da DreamHack Brasil esbravejou nas minhas DMs, dizendo que meu comentário era “contraproducente” e que havia um “investimento de milhões”. Aparentemente, isso deveria isentar o evento de críticas.

Começou por aí e terminou com acusações de que eu precisava “aprender a ser sério”, que eu “atrapalhava o cenário” e que eu não sabia fazer meu trabalho porque “matava aula” na faculdade – essa eu vou dar para ele, eu realmente cabulei algumas vezes.

Enfim, não é sobre os ataques desse cidadão que eu vim aqui falar, mas sim sobre o evento que ele ajudou a organizar. Apesar de tudo que aconteceu nos bastidores, em nenhum momento deixei de ficar hypado para uma lan internacional no Brasil e compareci ao evento ao lado de outros três repórteres do Mais Esports, produzindo entrevistas, resumos, fotos e posts nas mídias sociais –  tudo para entregar o melhor conteúdo possível para o carente cenário nacional de CS, que merece.

Não cabe nomear tudo de ruim que aconteceu aqui, como o cancelamento do torneio de Tom Clancy’s Rainbow Six Siege e o do stand de PlayerUnknown’s Battlegrounds, porque isso todo mundo já sabe. Então eu vou me atentar as coisas que as pessoas não lembram ou, se não foram, não viram.

Em uma coletiva de imprensa organizada em dezembro do ano passado, a megalomania da DreamHack Rio foi instaurada. O evento ocuparia três arenas do Parque Olímpico e a expectativa era de 100 mil pessoas em três dias – número superior aos 95 mil que visitaram a GameXP, que teve muito mais atrações e um dia a mais.

Foi dito que os times participantes teriam uma espécie de gaming house no complexo. Por fim, o evento seguiria a “pegada de festival” da DreamHack – uma feira com atrações que vão além dos esports, como shows musicais e feiras de tecnologia.

Sonhar alto não é crime, mas promessas foram feitas e passaram longe de serem cumpridas. Cinco meses depois, o que se viu foi uma redução de três para uma arena, patrocinadores deixando o evento, ausência de atrações e até a internet da sala de imprensa desligaram antes que o trabalho do último dia fosse finalizado. E cadeiras de bar para quem pagou caro em seu ingresso – não é atoa que o público foi o menor em todos os eventos internacionais de CS do país e conseguiu esse título com uma distância gigante.

Não havia nem mesmo placas de direção para o evento dentro do Parque Olímpico. Quem teve a chance de comparecer a GameXP, Pro League de Rainbow Six e ao Mid-Season Invitational – todos realizados por ali -, diz que a experiência nem se compara.

Todos os jogadores com quem falei foram bem tratados e, com exceção das cadeiras de escritório ao invés das gamers, não reclamaram de nada. O torneio de CS:GO foi de responsabilidade da DreamHack sueca e um amigo que trabalhou nos bastidores disse que eles trouxeram praticamente tudo, com exceção do telão.

Prometeu-se demais e cumpriu-se de menos, um movimento clássico dos aventureiros que só veem nos esports uma forma de ganhar dinheiro, mas não sabem o básico. Vendem suas ideias, esbravejam e, no fim, veem que não sabiam de nada.

Não fiquei ressentido ou torcendo contra o evento, mas fico triste pela comunidade carioca que não pode desfrutar do que lhe foi prometido. Fico triste pelas pessoas que não puderam viajar para o evento pois colocaram ele no feriado de Páscoa, deixando o preço das passagens lá em cima.

Ao final do evento, nem quem me ofendeu e nenhum outro representante da organização quiseram falar com a imprensa e explicar o que havia se passado naqueles três dias na Barra da Tijuca.

Talvez se o membro do comitê da DreamHack Brasil olhar agora, vai ver quem foi contraproducente e precisa aprender a ser sério.  Se a megalomania não deixar ele enxergar, eu esclareço: talvez você deva se preocupar menos com meus tuítes e mais em não entregar uma péssima experiência para a comunidade. É sabido que vocês tem mais dois anos para fazer isso.

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Roque Marques
publicado em 23 de abril de 2019, editado há 5 anos

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