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LoL: Os representantes da LPL para o Mundial 2019

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É comum ler comentários de telespectadores ocidentais sobre como os times chineses não possuem um macro “limpo”, que os jogos são “caóticos” e que a principal qualidade dessas equipes são sua agressividade e mecânica. Apesar de não estarem completamente errados, tais afirmações não dizem muito sobre o estado atual dos principais times da LPL. 

Antes de falar sobre os principais pontos fortes e fracos dos representantes chineses, preciso explicar um conceito de jogo que é muito bem explorado por todos os times que estarão representando a LPL nesse mundial: lado forte e lado fraco do mapa.  

Dentro de uma partida de League of Legends é necessário você ter noção dos seus pontos fortes e fracos, seja dentro de um draft, da sua composição ou de seu mapa. Em um jogo mais rápido com muitas lutas de pequeno porte nos primeiros minutos de jogo é importante gerenciar seus lados fortes no mapa para que tudo isso aconteça da melhor forma possível.

Seu lado forte do mapa é decidido por quantas pessoas estão desse lado, se estão na frente em experiência, itens, se estão em um match favorável entre muitas outras coisas. Seu time ser capaz de identificar isso te gera a possibilidade de realizar aquelas jogadas de crossmap que muitos parecem considerar como “bom macro”. Um bom exemplo são os famosos dives que os times chineses aplicam no nível 3 de sua rota inferior, a resposta para essa jogada geralmente é o time adversário indo fazer a mesma coisa em sua rota superior. Se o seu time tem mais pessoas no lado inferior, logo aquela rota é a sua mais forte no momento e, automaticamente, sua superior a mais fraca, por isso a resposta do time adversário será justamente lá. 

É um conceito simples, mas que os times da LPL aperfeiçoaram de tal maneira que algumas equipes conseguem quebrar alguns dos conceitos básicos, como era o caso da Invictus Gaming. A atual campeã mundial, comprava lutas no seu lado mais fraco do mapa graças a qualidade assustadora de seus jogadores. Repare, ser muito melhor mecanicamente que seu adversário também interfere no seu lado forte ou fraco do mapa, então o que era considerado como macro ruim, na verdade, era só uma quebra de regras. 

Agora que já estamos por dentro do conceito de lado forte e fraco do mapa, vamos ver a leitura que cada um dos times da LPL têm sobre esse conceito.

FPX – O time mais complexo da China

Doinb - FunPlus Phoenix LPL
Doinb comemorando vitória no Rift Rivals 2019                                                                        Foto: Yicun_liu / LPL

Campeões da LPL, favoritos da região para erguer a Summoner’s Cup desse ano e também um dos times mais complexos estrategicamente que a China já produziu, essa é a FunPlus Phoenix! 

Para quem leu meu texto sobre a FPX que saiu antes dos playoffs da liga, lembram de eu dizer eles, na maior parte do tempo, tentam liberar sua rota inferior do mapa com o auxílio de Doinb e Tian, e que a parte mais complicada de lidar com eles era evitar que se movimentassem pelo mapa. Entretanto, durante os playoffs, eles também mostraram que sabem sim jogar para o Gimgoon e que são muito bons nisso. 

A forma que a equipe lida com seu lado forte e fraco do mapa depende bastante de seu draft, pois tanto a rota inferior como a superior sabem faz os dois papeis muito bem. Gimgoon se mostrou perfeito com seu GP na final contra a RNG. e mesmo após ser gankado e divado diversas vezes por Karsa e Xiaohu, ainda conseguiu se manter em farm e ser extremamente impactante no jogo. O mesmo aconteceu quando a rota inferior da equipe teve que cumprir essa função na série contra a Bilibili Gaming. 

Porém, o principal diferencial da equipe é como Doinb consegue impactar as duas rotas laterais. É difícil prever onde ele pode acabar indo, ainda mais com campeões com uma boa mobilidade como o Pantheon, que pode simplesmente aparecer em qualquer lugar. A forma como as rotas laterais da FunPlus trabalham a manipulação dos minions e até mesmo as trocas de dano em rota, estão todas conectadas em como o Doinb se movimenta no meio. 

Não preciso nem dizer que o time ainda possui aquelas características marcantes de sempre estar brigando por tempo e controle do rio, pontos que são excelentes quando se precisa trabalhar com split push e deixam as lutas muito bem coordenadas. É um time que possui sim um dos melhores macro gaming desse mundial, mas que também acredita bastante em seus instintos e mecânicas para comprar lutas perigosas. 

RNG – Benção ou maldição?

Decepção no primeiro split, a RNG lutou pelo título da LPL em sua segunda chance.                    Foto: Yicun_liu / LPL

Organização mais popular da China, casa do melhor atirador que o jogo já teve o prazer de assistir e em busca do último título que falta na grande sala de troféus da equipe, essa é a Royal Never Give Up! 

Se você tem uma rota inferior que seus jogadores são ninguém menos que Uzi e Ming, você ousaria não jogar para eles? Bom, eu não ousaria. 

O caso deste time com seu lado fraco e forte do mapa é bem peculiar. Diferente da FPX que o draft acaba decidindo bastante coisa, com a RNG a rota inferior sempre vai ser seu lado mais forte do mapa, independente das escolhas e até da quantidade de pessoas que estão por lá. Eu disse muitas vezes aqui que eu ainda não vi Uzi e Ming perderem um 2v2, eles sempre vão estar na frente em farm e experiencia ou no pior dos casos, iguais. 

Pode parecer um sonho ter uma rota onde sempre vai estar na frente, mas no caso da RNG isso não é sempre o caso. Eles são perfeitos quando o plano de jogo é jogar para UziLangx se sacrifica na rota superior sem problemas, Xiaohu sabe jogar com campeões de utilidade, mas isso nem sempre é o suficiente para ganhar uma série mais longa. Apostar sempre no mesmo estilo de jogo, mesmo você aplicando-o beirando a perfeição, é sempre perigoso.  

É por conta dessa falta de versatilidade que a Royal anda tentando diversificar seu estilo de jogo. Muitas vezes durante a fase regular da LPL vimos Xiaohu e Langx sendo os carregadores da equipe, mas ainda não são, nem de perto, um plano tão seguro como é apostar em Uzi. Por isso é normal ver a RNG ser um time mais lento e metódico, sempre afunilando recursos em seu atirador, esperando os itens dele para finalmente comprar uma grande luta e ir em busca da vitória. 

Ver a Royal em um jogo super-rápido e explosivo não é comum, pois isso depende bastante de como Karsa vai encarar a partida, se ele vai estar com uma escolha mais agressiva ou se vai focar em apenas em deixar Uzi e sua rota segura. A RNG pode não ser a equipe mais rápida, mas dentre os representantes chineses desse mundial é a equipe mais segura e resiliente; o perigo de Uzi simplesmente ganhar uma luta no meio do jogo está sempre à espreita.  

Invictus Gaming – Um wildcard campeão mundial

Invictus Gaming - LPL
Campeã do primeiro split, a IG sofreu para conseguir a terceira e última vaga chinesa no Mundial 2019 Foto: Yicun_liu / LPL

Atuais campeões mundiais, time que encantou o mundo pela qualidade mecânica surreal de seus jogadores e agora tendo que novamente provar seu valor em um palco internacional, essa é a Invictus Gaming. 

Depois da derrota trágica para Liquid durante as semifinais do MSI, a IG que todo o mundo pulava de alegria ao ver jogar foi quebrada, muitos de seus jogadores perderam a confiança, problemas pessoais e de relacionamento entre os jogadores aconteceram. Parecia de verdade que eles ficariam de fora desse mundial, porém, quando mais precisou, eles apareceram novamente.  

Dentre os três representantes da LPL para esse mundial é inegável que a Invictus é o time mais frágil e que tem o jogo mais bagunçado, entretanto, as performances individuais de TheShyRookieJackeyloveBaolan e do jungler novato Leyan durante a final regional me trouxeram esperanças para essa equipe. Essa IG está longe de ser aquela máquina imparável de jogadas que derrotou a SKT em menos de vinte minutos. Eles estão bem mais calmos durante o início das partidas, muito por conta da inexperiência de seu novo jungler e a falta de entrosamento dele para com a equipe, mas quando o assunto são lutas, esse time ainda é incrível!  

A relação da IG com seu lado forte e fraco do mapa é complicada,. O time ficou conhecido por todas suas lanes serem capazes de carregar um jogo e isso continua sendo verdade, porém existe uma diferença gritante na qualidade da equipe quando TheShy é esse cara. Durante as finais regionais o foco da equipe sempre foi jogar pela sua rota inferior, priorizando dar vantagem para Jackeylove, enquanto TheShy se virava em matchs ruins e ganks atrás de ganks. 

Por conta de possuir jogadores muito bons mecanicamente em todas as suas rotas, a IG ainda é aquele time que quebra um pouco essa regra de sempre lutar no seu lado forte do mapa. TheShy continua comprando e ganhando lutas 1v3, Jackeylove e Baolan ainda ganham os 2v2 na rota inferior, mas o que mudou é o estilo de jogo de Rookie. Parecido com Doinb, hoje ele está disposto a ficar atrás em sua rota se isso significar deixar TheShy ou Jackeylove na frente, mesmo que seja indo lutar uma luta que pareça perdida. 

Diferente de sua forma antiga que muitos chamavam de monstro, a Invictus Gaming atual é mais calma, mas ainda continua comprando todas as lutas que aparecem pela frente. Essa “nova” equipe parece estar no começo de um novo trabalho e não sei se estarão pronto até o mundial começar, por isso os chamei de “Wildcard”, mas é um Wildcard que pode acabar sendo bicampeão mundial.

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Calise
publicado em 25 de setembro de 2019

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