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LoL: O que esperar da G2 no MSI 2019?

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Com a Fase de Grupos do MSI 2019 se aproximando, resolvi traçar uma análise sobre alguns times, ressaltando alguns de seus pontos mais fortes e fracos. Hoje, trago um pouco do que reuni acerca de uma das equipes que considero favorita este ano, a G2 Esports.

Mantendo sua dominância no cenário europeu, os Samurais fizeram uma bela campanha na primeira etapa da LEC deste ano, com treze vitórias e cinco derrotas. Com a inesperada contratação de Caps para a rota do meio e Perkz realizando a transição de mid-adcarry, a equipe se reinventou  e conquistou seu quinto título. Apesar de cometerem alguns poucos deslizes durante a fase regular, eles não perderam um único jogo nos playoffs, o que diz muito sobre a consistência e mindset da organização como um todo.

Solo laners

Seja no topo ou na rota inferior do mapa, a G2 tem um elenco bastante consistente. E quando falo sobre consistência, falo principalmente sobre jogadores que mantém um certo padrão de jogo e jogabilidade, e que se adequam bem à mudanças.

Para começar, gostaria de falar sobre o top laner Wunder ou Wunderwear, como já foi conhecido. O jogador teve uma passagem pela Splyce entre 2016 e 2017, um time europeu que chegou aos playoffs do campeonato esse ano. Lá foi reconhecido como um dos grandes carries da rota superior, mostrando que o estilo unidimensional do time o favorecia: “Eu poderia jogar com vários campeões de 1v1 e split pushers para ganhar”, citou em uma entrevista que marcaria para sempre o seu estilo de jogo.

Wunder faz uma excelente fase de rotas, farma bem, consegue boas trocas e é capaz de transformar pequenos ganhos em grandes recompensas para a sua equipe, e essa é sua principal característica. Como um top de perfil mais carregador, ele coloca seus companheiros na frente ao pressionar o topo e transferir parte da vantagem. Abates, ouro, visão, tudo que ele conquista sobre o adversário converte-se em algo importante dentro do jogo.

Optando por escolhas como Jarvan, Irelia, Ryze, Jayce e GP, que tem um potencial muito forte no 1v1, além de scaling e domínio da rota, o jogador assume muitas vezes a função de protagonista. Sua pool é a segunda mais vasta do elenco (14 campeões selecionados), perdendo apenas para Caps, que soma 16 neste ano.

E por falar no mid laner, que é também carinhosamente chamado pelos fãs de “Baby Faker”, Rasmus “Caps” Winther já soma alguns títulos de MVP da temporada, sendo reconhecido como um dos melhores, se não o melhor jogador da rota do meio na Europa. O jogador teve uma importante passagem pela Fnatic entre 2017 e 2018, equipe em que teve grande destaque, além de atuar na final do Worlds 2018, contra a Invictus Gaming.

Com um perfil bastante agressivo e até brincalhão, o jogador chamou bastante atenção por sua habilidade individual. Ora, a comparação com um dos melhores mid laners do mundo não é à toa e veio depois de uma excelente performance na LCS EU em 2017, em que ele mostrou porque era uma das grandes promessas.

Caps, assim como Wunder, é um solo laner que exerce muita pressão na rota. Por ter um leque de campeões vasto e dominar vários matchups, também consegue aproveitar o máximo em cada partida. Ele sabe o melhor momento para trocar e sabe seu potencial contra o adversário mesmo sob alguma desvantagem, e utiliza muito dessa sua segurança dentro da função.

Por essa razão, o conhecimento aliado à mecânica é a sua principal arma, já que ele costuma ser criativo e faz uso de sua confiança para realizar jogadas brilhantes contra seus adversários no 1v1. Durante uma entrevista, ao falar sobre seu sucesso na G2, ele disse uma frase que marca muito seu estilo como jogador: “Você tem que estar disposto a assumir riscos, não importa o que aconteça, mas saber quando fazer isso é realmente importante.”

Para mim é exatamente essa a característica que separa Caps dos demais mid laners, ele sempre parece pronto e confiante o suficiente para se arriscar e fazer jogadas que podem comprometer tudo ou ganhar o jogo, e eu considero essa uma qualidade notável para um jogador com grande responsabilidade.

Transição

É quase que inevitável falar sobre assumir riscos sem puxar o gatilho para a transição de Perkz da rota do meio para a inferior. Praticamente ninguém esperava que um dos mais notáveis mid laners da Europa trocasse de posição, mas foi exatamente o que ele próprio optou com a chegada de Caps na equipe: “Eu queria ampliar as nossas chances de vencer, então eu decidi jogar na bot lane para trazer o Caps”, afirmou numa entrevista.

Desde sua transição, o jogador tem sido constantemente questionado, principalmente por seu desempenho como atirador. Há quem considere que a bot lane seja o maior ponto fraco da G2, e vou explicar mais pra frente o porque não concordo com isso.

Muitos analistas falam sobre o quão importante é cometer riscos em League of Legends e isso remete à uma posição na qual Perkz tem se colocado. Ele não apenas trocou de rota mas passou a se aperfeiçoar com campeões atiradores. Em sua fala, diversas vezes aparece novamente a questão da confiança e do engajamento para a mudança: “Na minha opinião, nós melhoramos o bot e ao mesmo tempo trouxemos alguém que tinha as mesmas habilidades, se não melhores, no meio. Eu confio em Caps e confiei em mim também.”

Também é importante ressaltar que a transição foi importante ao ampliar as possibilidades para ele. Yasuo e Zoe, por exemplo, foram alguns dos picks do mid que o jogador começou a levar mais para a rota inferior. É inegável que considerando alguns matchups, essas escolhas podem ser muito vantajosas para Perkz. Sobre isso, ele acrescentou: “É diferente continuar jogando com os campeões que eu jogo, mas em outra lane. Na verdade, é muito mais fácil. Bot laners são muito piores que mid laners, é fato. Eu tenho jogado no meio por tanto tempo e os mid laners te dão um desafio. Eles sabem como lidar com praticamente todos os campeões no jogo, enquanto na bot lane jogam com os mesmos 15 campeões nos últimos cinco anos.”

Ao abordar esse tema, ele também trouxe uma discussão sobre mentalidade, que considera fundamental para sua evolução. Em diversos momentos diz que teve que mudar sua mentalidade para performar como um adcarry no nível mais alto: “ A bot lane é sobre trabalhar em conjunto como um só – não sobre um AD e um suporte ”.

Expectativas

Antes, assim como muitos, eu considerava que a bot lane era o maior ponto fraco da G2, até me deparar com algumas dessas entrevistas e me aprofundar nessas palavras. É claro que não tem como comparar o desempenho de Perkz com campeões atiradores como Doublelift, porque ele claramente não tem a mesma experiência, então nós precisamos ir além disso.

No entanto, ele demonstra qualidades que considero muito importantes em bons jogadores. Assumir o risco e a responsabilidade de realizar uma transição, é algo que definitivamente não é para qualquer um e aqui precisamos reconhecer a confiança e a mentalidade sólida como algumas de suas principais qualidades.

Como eu costumo falar, quando se trata de League of Legends nós temos que ir muito além da mecânica, da habilidade individual. Muito do jogo é jogado internamente, em tomadas de decisões, autocontrole, autoconfiança, motivação, dentre outros fatores.

Por essa razão, eu não acredito piamente que o maior ponto fraco da equipe seja uma possível instabilidade da bot lane. Não é por acaso que a G2 não perdeu nenhum jogo nos playoffs, e, mesmo durante a fase regular, ele teve um bom desempenho e mostrou uma evolução constante. Além disso, não vejo o fator “atirador” como algo crucial para o time, justamente porque ele performa muito bem com campeões não atiradores.

Se consideramos os playoffs do último split, das quatro escolhas de campeões para Perkz, metade eram atiradores (Xayah e Kalista). Além disso, ao longo da primeira etapa ele manteve 100% de Winrate também com Ezreal e Lucian.

Há o fato de que o atual bot laner é também muito inteligente em termos estratégicos. A tática do funneling que o time executou durante a série final contra a Origen foi ideia dele, como apontado por Wunder em coletiva: “O afunilamento foi ideia do Perkz, estávamos jogando os recursos para ele, que estava contra Sona e Taric. Ele sentiu que era o caminho certo para manobrar em cima disso. Normalmente, o problema com a estratégia é que seus laners ficam vulneráveis, já que você não tem jungler. Mas já que é Sona Taric, você não sofrerá um dive, então é mais viável.”

Na minha opinião essa colocação diz muito sobre a G2, já que é um time muito inteligente e que faz um bom uso de estratégias embasadas naquilo que eles tem de melhor. Nesse caso em específico, jogadores extremamente versáteis que  podem variar picks/posições, como vimos Jankos com Morgana no bot, além de diferentes propostas para criar suas condições de vitória.

Mas é claro que quando você joga cometendo riscos, você deve lidar com consequências que podem ser ruins e eu vejo esse aspecto como uma eventual dificuldade para eles. O estilo da G2 de jogar League, que já considerei meio “caótico” devido à quantidade insana de rotações e abates, é ao mesmo tempo inteligente e perigoso.

No começo do split, vimos uma G2 ainda em processo de maturação, aprendendo jogo a jogo. Algumas jogadas eram arriscadas demais mas funcionavam bem, até que times como a Origen começaram a punir e jogar em cima de alguns erros, principalmente em tomadas de decisão.

Nesse sentido, o maior ponto fraco está diretamente relacionado a um dos maiores pontos fortes, já que é um estilo de jogo estrategicamente planejado para cometer riscos, mas que pode abrir brechas em momentos de decisão. E nesse ponto, é importante lembrar que equipes como IG e SKT podem usufruir dessas brechas para punir a G2, o que muitos times da LEC praticamente não conseguiram aproveitar.

É um time que já demonstrou uma certa dificuldade quando seus solo laners começam muito atrás, com muita desvantagem. E por vezes, na tentativa de sempre responder jogadas adversárias de maneira arriscada, perdem o fio da meada e não conseguem voltar para o jogo. Foi o que aconteceu na partida contra a Origen em que Nukeduck saiu muito na frente com seu counterpick de Zed vs Cassiopeia e a pressão que a Jankos e Wunder colocaram no top não foi suficiente.

Certamente a versatilidade impressiona, já que eles podem jogar para Wunder, Caps e Perkz. É difícil prever e draftar contra a G2 justamente por isso, eles sempre parecem estar um passo à frente, tendo sempre algumas cartas na manga. E esse é mais um motivo que torna a equipe tão interessante e tão ameaçadora.

SKT e IG são adversários num nível excepcional, mas não são imbatíveis. A G2 fará sua estreia na próxima sexta feira (10/05), às 7 da manhã (horário de Brasília).

Obs. As entrevistas mencionadas podem ser acessadas no LoL EU Esports e no site oficial da Red Bull.

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Letícia Motta
publicado em 8 de maio de 2019, editado há 5 anos

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