A line-up da FaZe Clan vive momento diferente ao que sempre esteve acostumada no cenário competitivo de Tom Clancy’s Rainbow Six Siege. Às vésperas do Six Invitational, que começa dia 11 de fevereiro, a equipe de Astro e companhia chega sob desconfiança.
Nas últimas temporadas, a FaZe sempre era vista como favorita para a disputa de um torneio mundial – seja pelas conquistas dos regionais da Pro League ou então status de campeão brasileiro. Cenário que contradiz com o momento atual da equipe, que é apenas quinta colocada no torneio latino-americano.
Para Rafael “mav” Freitas, porém, a perspectiva pode ser outra. “Até ajuda ironicamente falando”, comentou em entrevista exclusiva ao Mais Esports. “Afinal, como a gente sempre ganhou tudo no Brasil, nós sempre íamos pra fora com uma pressão a mais.”
“Agora que os resultados não foram tão bem, essa pressão saia um pouco e vá para as outras lines que estão desempenhando muito bem. Fator pressão não vem a ser um problema mais para nós”, colocou na balança.
Mesmo assim, mav entende que a posição ruim na tabela seja principalmente por fatores externos que envolvem a mudança para a nova GH, na cidade de São Paulo. “Tiveram alguns problemas que vieram afetar a gente, como luz e internet.”
“Eu acho que a equipe não vem jogando mal. Pelos treinos, estamos desempenhando bem no geral”, analisou. E é possível pegar como parâmetro o Brasileirão, já que a FaZe Clan é vice-líder – e estamos falando de um torneio presencial.
Na Pro League, que é disputada online durante a etapa regional, “faltaram alguns detalhes e ajuda também da sorte”, pontuou mav.
Mas afinal, o que aconteceu?
A FaZe Clan tinha GH localizada em Campinas, São Paulo. Recentemente, se mudou para o bairro do Morumbi, na capital. Os primeiros dias de casa nova não foram um problema de acordo com o manager Leandro “tgk” Portela.
“Os meninos já estavam há uma semana na GH antes do jogo com a Liquid. Estavam treinando diariamente, de oito a dez horas por dia – e o computador ligado 24 horas. Até aí tudo bem, sem problema nenhum durante sete dias.”
“Justamente no segundo round no jogo contra a Liquid começou a gerar problema. A priori achamos que fosse só o filtro de linha, isso porque um dos filtros fica bem próximo do pé do Astro – então pensei que ele tinha clicado nos switches sem querer. Religamos o filtro e voltamos pro jogo. Alguns minutos depois, caiu de volta. Confesso que até fiquei irritado pensando que tinha sido realmente o Astro, mas ele respondeu ‘Cara, não sou eu. Eu juro’.”
A partir daquele momento, Portela trocou o filtro de linha e não tirou os olhos do entry fragger, que poderia involuntariamente estar batendo no aparelho e causando o desligamento. “Foi quando vimos que não era realmente o Astro.” Mesmo assim, a partida precisou ser encerrada e a FaZe Clan levou a derrota por W.O.
“No dia seguinte, veio o eletricista e ele verificou que estava dando sobretensão. Quando dá sobretensão, fica aquecendo e ele mesmo desliga como prevenção para evitar queimar ou algo pior”, detalhou o manager.
“O problema não era o filtro de linha, mas sim a fiação. A gente alugou a GH agora, mas a casa estava parada faz um bom tempo – e não esperávamos que tivesse dando sobretensão.”
Dias antes mesmo desse imprevisto, Portela disse que havia trocado o disjuntor. “Tínhamos um de 16 amperes. Eu achei que estava ainda fraco para aguentar a carga de cinco computadores, então botei um de 25. E mesmo assim continuou. O eletricista verificou que é preciso fazer a troca de toda essa fiação.”
“Uma solução temporária que eu fiz foi ter comprado várias extensões para interligar vários circuitos. Tem então quatro ligados para cada um dos computadores – e apenas um circuito com dois, mas que não dá problema algum. Foi a solução temporária para os jogos seguintes.”
O foco agora será total no Major. “Quando voltarmos de Montreal, teremos aí três semanas sem partidas, então voltarei antes para acompanhar a equipe de eletricistas na troca dessa fiação”, reforçou Portela.
Problema resolvido, vamos para o jogo
Os problemas externos tumultuaram o cotidiano da FaZe Clan, mas deficiências in-game também foram verificadas pela equipe. O capitão mav fez uma autoavaliação.
“A gente estava tendo vários problemas principalmente no ataque, ainda mais nas execuções finais de round. Também em administrar a vantagem – que muitas vezes a gente saia ganhando o round, mas depois acabava entregando”, colocou na balança.
João “HSnamuringa” Deam também falou sobre. “A gente é um time muito previsível taticamente. Não estávamos conseguindo moldar nosso jogo contra o inimigo. É como se o inimigo já esperasse o que iríamos fazer. Já reformulamos algumas táticas. Teremos uma semana aí para reformular outras.”
A estratégia para a disputa do Six Invitational será adotar uma postura mais reativa. “Vamos tentar counterar mais os adversários do que criar nossas próprias táticas”, reforçou HSnamuringa.
Perguntado sobre como vão counterar a Ninjas in Pyjamas, adversária logo na estreia do Major pelo Grupo A, o suporte fez mistério. “Aí a gente deixa para mostrar no nosso jogo…”
Já Marlon “Twister” Mello, que foi anunciado como analista da FaZe Clan, cantou a call de como eles podem surpreender a NiP. “Eles vão trazer um estilo de jogo muito agressivo. Eles procuram a vantagem de acordo com habilidade na mira.”
“Eles tentam abusar de alguns aspectos de alguns operadores, que fazem com que o jogo fique mais fácil para o seu lado. Vamos nos preparar para isso, afinal, se conseguirmos counterar, abre uma brecha enorme neles”, pontuou Twister sem entrar em detalhes.
Tanto mav como HSnamuringa também admitiram que o time precisa focar muito no aspecto emocional. “O jogo é mais psicológico do que a galera imagina”, reforçou mav.
“Muitas das ações que os jogadores tomam acabam sendo por impulso. Estar perdendo, as coisas não encaixarem, tudo isso afeta no comportamento dentro da partida. É trabalhar a compostura emocional e o psicológico.”
HSnamuringa projetou uma equipe mais forte nesse fator lá no Canadá. “Vamos dar o nosso melhor lá, seja tática como psicologicamente. Ultimamente a gente não vem muito bem. Manter nosso foco lá e conseguir pelo menos chegar aos playoffs.”
Além disso, o suporte destacou uma virtude que pode ser o diferencial para a FaZe Clan. “A nossa trocação está em dia. Dificilmente vão ganhar da gente nesse quesito.”
Por fim, mav entende a grandeza do clássico diante da NiP logo na estreia do Major, mas está confiante na vitória. “A NiP é um time excelente, todo mundo sabe. Eles têm grandes jogadores, mas a gente sempre jogou muito bem contra eles.”
“Ficamos mais de um ano sem perder para eles, então querendo ou não está à nosso favor o histórico. A gente tem tudo pra ganhar, sabemos do que somos capazes. Será um bom jogo.”