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CS:GO: “Não quero minha criança crescendo e eu não estando lá”, afirma f0rest

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Patrik “f0rest” Lindberg está entrando em uma nova fase da vida. Hoje com 30 anos, o veterano sueco já tem uma rotina muito diferente da grande maioria de seus companheiros e rivais no Counter-Strike. Casado desde 2017, f0rest será pai em breve.

“Vai ser uma boa experiência e, como você disse, tem um bebê vindo e não sei como eu vou lidar com estar longe. Não quero minha criança crescendo e eu não estando lá”, afirmou o jogador da Ninjas in Pyjamas em entrevista ao Mais Esports.

A paternidade foi só um dos assuntos abordado por f0rest na entrevista. Ele também falou da longevidade da carreira, comparou a antiga e a atual MIBR e relembrou as eras do Counter-Strike: Global Offensive e suas diferenças.

Confira a entrevista na íntegra em texto:

Roque: F0rest, como você está?

F0rest: Muito bem. Tem sido um dia longo mas estou animado por estar aqui.

R: Você tem jogado esse jogo por mais de 15 anos. O que fez você dedicar metade da sua vida jogando Counter-Strike?

F: Eu não sei, eu sinto que foi um chamado. Algo que eu percebi muito rápido que eu era bom, que eu era muito bom jogando Counter-Strike. Eu não sei, parece que esse é o caminho que eu deveria ter tomado. E eu estou feliz que eu tomei. Esses 15 anos são incríveis e não pretendo desacelerar agora.

R: Você jogou por muitos anos na Fnatic no 1.6. Você teve a oportunidade de ganhar grandes torneios, não havia majors [da Valve] naquela época, mas tinham torneios que eram como os majors. Hoje em dia você venceu campeonatos no CS:GO, majors no CS:GO. É diferente? Ter vencido no passado e vencer hoje? A sensação é diferente na hora de vencer?

F: São gerações e tempos diferentes, mas o sentimento é o mesmo. O CS:GO tem mais público, palco maior e premiações maiores, mas o sentimento é o mesmo. Quando você ganha um campeonato você fica muito animado. Todo o trabalho duro que você colocou valeu a pena. Não vou mentir, é bem incrível ver como as coisas estão hoje em dia no CS:GO. Os campeonatos e a quantidade de pessoas que vem assistir ao vivo.

R: Você teve um episódio curioso na época do 1.6. Você jogou contra a antiga MIBR nas finais da ESWC 2006. Foi a primeira grande vitória do Brasil no Counter-Strike. Agora você joga contra [a MIBR] de FalleN e coldzera. Tenho uma pergunta bem difícil para você. Quem é melhor. A MIBR de 2006 ou a atual?

F: Eu perdi para aquela MIBR na final de 2006 e eu perdi para essa MIBR. Acho que ambas são… na verdade eu acho que o que eles fizeram naquele tempo… é uma pergunta difícil, acho que todas fizeram a mesma coisa. Vieram do nada. Eles tinham bons jogadores naquele tempo, mas vencer a ESWC foi incrível. E a MIBR [de hoje em dia] saiu do nada com o FalleN liderando e fez a mesma coisa, venceu um major. Talvez eles sejam igualmente boas em termos de time e acredito que ambas foram incrivelmente bem saindo do nada. Mas, eu tenho que dizer, que aquela derrota na ESWC 2006 foi muito difícil para mim. Foi um jogo bom, mas ainda dá o que falar.

R: E quando a gente fala de CS:GO, você continua no topo depois de todos esses anos, jogando em um alto nível. Qual seu segredo para manter a performance?

F: Eu acho que não tenho nenhum segredo. Eu continuo centrado em jogar, a motivação ainda está lá. Eu, TaZ, NEO, pasha, todos nós, estamos empurrando o limite de quão longe [podemos jogar]. Nós não sabemos quão longe você pode ir como um jogador. É um território que ainda não foi descoberto. Enquanto eu gostar de jogar o jogo e sentir que posso enfrentar os melhores jogadores e melhores times, ajudar meu time, vou continuar jogando. Tenho certeza que coldzera, s1mple, device, vão estar jogando, eu acho, até os 30 e continuar num alto nível. Estou tentando dar um exemplo no que é possível e espero que ainda há alguns anos restando para mim.

R: Você acha que há um limite de idade nos esports ou no Counter-Strike?

F: Eu não sei, é algo que vou ver por mim mesmo. Eu não acredito que a parte física importa tanto. É mais coisa de mentalidade, o quanto mais você sentir a motivação. Nós viajamos muito durante o ano. Se você ainda tem a motivação para fazer isso, para colocar as horas necessárias para treinar, se você ainda sente que isso que é algo que você quer fazer, você certamente pode jogar até os 35, 37, facilmente.

R: O CS:GO tem sete anos já e a NiP está jogando desde o começo. Muita gente diz que era mais fácil naqueles tempos em ser o time top 1, você concorda com isso? A NiP saiu na frente dos outros times, certo?

F: Me parece que as pessoas sempre vão falar que foi mais fácil. Por exemplo, na nossa era a gente tinha 86-0 e as pessoas vão dizer que tivemos menos competição – o que é verdade -, mas, durante a era da Fnatic as pessoas vão dizer que não era tão competitivo como é hoje e, quando tivermos um novo time dominando, vão dizer que a era da Astralis não era tão competitivo. Para cada ano que passa, obviamente, o jogo vai se desenvolver, os times vão ser melhores e vai parecendo estabilizado. Para cada ano que passa, vai ser a mesma discussão novamente. O que nós fizemos, o que a Fnatic fez, o que a MIBR fez e o que a Astralis está fazendo é, é o melhor para cada uma das respectivas eras. O que nós fizemos  foi incrível, assim como Fnatic, MIBR e Astralis. Tudo é incrível, claro que a competição não era tão boa naqueles tempos, mas para aquele período era incrível.

R: E desde quando vocês dominaram a cena o time teve altos e baixos, vocês não voltaram ao top 1. O que você acha que falta nesse time que o de 2012 tinha?

F: Acho que o que nós tínhamos naquele tempo era algo especial, algo que não acontece muito nos times. Tínhamos química no jogo e fora dele, estávamos iguais em termos de jogo. Hoje em dia é mais competitivo do sentido que todos precisam cumprir seus papéis com perfeição. E se você não faz isso, você não vai ganhar campeonatos. A Astralis é o time que mostra isso. Cada jogador está fazendo sua parte e fazendo isso perfeitamente. Mas eu acredito que estamos no caminho certo, subindo. Pelo menos para nós, sentimos que há algo bom aqui. Espero que nós possamos resolver as pequenas coisas e peças que ainda estão faltando em termos de comunicação e de como queremos encarar o jogo. Eu diria que estamos em um bom caminho, mas tem algumas coisas que estão faltando.

R: Para finalizar, agora você é um homem casado e vai ser um pai, parabéns por isso, por quanto tempo você acha que vai continuar conseguindo viajar e ficando longe da sua família?

F: É uma boa pergunta, porque não sei a resposta. Vai ser uma boa experiência e, como você disse, tem um bebê vindo e não sei como eu vou lidar com estar longe. Não quero minha criança crescendo e eu não estando lá. Vamos ver como vai funcionar e como eu posso lidar com os campeonatos e essas coisas, já que a gente viaja muito. Acho que vai funcionar bem no final. Estou torcendo por isso. Vai funcionar no final.

R: Obrigado pelo seu tempo, espero que você tenha uma boa estadia aqui no Brasil.

F: Nós vamos, com certeza. Obrigado!

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Roque Marques
publicado em 28 de março de 2019, editado há 5 anos

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