Mais Esports
BetBoom

A história de pancc: De aspirante a jogador de LoL para joia do CS brasileiro

CS:GO
BETBOOM

Fillipe “pancc” Martins é hoje um dos melhores jogadores de Counter-Stiker: Global Offensive do Brasil. Campeão de quase tudo disputado na região sul-americana, o atleta da W7M Gaming vive uma excelente fase, sendo um dos destaques de seu time.

Fillipe Martins Doria Paulo nasceu em Campo Grande, Rio de Janeiro, no dia 12 de janeiro de 1998. Criado por sua mãe Roberta ao lado de sua irmã Julia, pancc, como é conhecido na comunidade de Counter-Strike, tinha como sonhos ser astronauta ou jogador profissional de videogames.

“Quando eu era muito criança eu queria ser astronauta, mas quando cresci um pouco mais, mais ou menos na minha pré-adolescência, eu já queria ser jogador profissional de videogames. Quando era mais jovem ainda não existia um cenário consolidado de esports, isso tipo em 2006, e eu não sabia que existia campeonatos e jogava por diversão”.

Com o sonho de ser astronauta diminuindo com o passar dos anos, pancc teve seu primeiro contato com os videogames aos sete anos de idade, quando recebeu um Playstation 1 de presente, onde passava horas jogando.

“Quando eu ganhei o PS1 de presente foi quando eu comecei a jogar. Eu jogava jogos como Crash Bandicoot, Senhor dos Anéis e Winning Elleven, de futebol. Esses foram os três jogos que eu mais joguei quando era criança”.

“No meu aniversário de nove anos, eu ganhei um computador e passei a jogar os jogos do Mario no emulador de Nintendo 64. Quando eu era pequeno eu basicamente só jogava e estudava”.

Após incontáveis horas no emulador, Fillipe descobriu um novo jogo que o prendeu de forma imediata. Aos dez anos, pancc conheceu o Counter-Strike, jogo que viria a mudar sua vida completamente.

“Em lembro que com dez anos eu joguei CS 1.6 pela primeira vez, em 2008. Eu jogava só contra os bots porque eu não sabia que tinha como jogar online (risos). Quando aprendi que dava para jogar contra outras pessoas eu comecei a jogar direto, mesmo bem criança”.

O INÍCIO DA CARREIRA

Dois anos após ter seu primeiro contato com o CS, pancc já estava entrando em seu primeiro time profissional. Com apenas doze anos, Fillipe se juntou a TQVIA.

“Quando eu entrei no time eu comecei a jogar sério. Mesmo com só doze anos eu já treinava, jogava campeonato e tudo mais. Eu lembro de jogar um campeonato da WSBR onde enfrentamos a equipe da GA, que na época tinha o FalleN e o ellllll quando eles já eram muito consolidados”.

Scoreboard da partida que pancc enfrentou FalleN, ainda no 1.6 (Foto: arquivo pessoal)

“Esse foi o primeiro campeonato que eu joguei em alto nível. Eu só tinha doze anos e o pessoal do meu time tinha vinte, vinte e cinco”.

PAUSA NO COUNTER-STRIKE

Três anos após iniciar sua carreira profissional no CS 1.6, pancc decidiu parar de jogar. Com o lançamento do CS:GO próximo e com a falta de investimento, o cenário do 1.6 começou a entrar em declínio.

“O cenário brasileiro estava morrendo. Não tinha mais campeonato e já não tinham mais tantos times. Muitos times simplesmente sumiram do jogo. Lá fora ainda estava rolando as coisas, ainda tinha torneio se você fosse a SK Gaming ou a Fnatic, mas em baixo nível não rolava mais”.

Após desistir do 1.6, Fillipe decidiu seguir um caminho diferente. Deixando o FPS de lado, pancc preferiu passar a jogar MOBAS, principalmente o League of Legends, onde pretendia construir uma carreira.

“Eu criei uma conta no LoL em 2012, comecei a jogar e me viciei. Em 2013 eu cheguei em diamante um, na época que não tinha o elo mestre, você subia direto para o challenger. Eu joguei contra muita gente boa em fila ranqueada, já enfrentei o Kami, o brtTT, Takeshi e alguns outros profissionais”.

“Eu joguei League of Legends até 2016, foram quatro anos jogando o jogo todo dia, quase que o dia todo. Eu era muito viciado e sabia tudo do jogo, tinha muitas skins e também cheguei a jogar em time, mas não deu certo”.

Focado em seguir uma carreira profissional no esporte eletrônico, pancc viu suas notas na escola despencarem. Conciliar as duas coisas não era uma tarefa fácil para Fillipe, que sempre preferiu o mouse e o teclado do que os estudos.

“Na época do CS 1.6 eu levava de boa, nunca tive problemas porque eu conseguia ir bem no fundamental. Quando eu entrei no ensino médio foi quando começou a bagunça. Minha família nunca deixou de me apoiar com o jogo, mas eles brigavam comigo porque eu estava indo mal na escola.”

“Hoje eu admito que o que eu fazia era uma sacanagem. Eles brigavam e reclamavam muito mas eu tenho certeza que se eu estivesse indo bem na escola eles não reclamariam e apoiariam.”

A VOLTA PARA O CS

Após anos sem jogar CS, pancc decidiu retornar ao jogo em 2016. Vendo a evolução do cenário do game tanto internacionalmente quanto no Brasil, Fillipe foi influenciado por sua namorada na época a retornar aos servidores de Counter-Stike.

“Em 2014 eu comecei a namorar uma menina da minha escola, Aline, que jogava LoL comigo. Nesta época eu estava muito viciado em League of Legends. Em 2016, terminamos o namoro, mas um pouco antes disso ela me questionou o porquê de eu não voltar a jogar CS, porque foi mais ou menos nessa época que começaram a surgir vários campeonatos no Brasil e alguns até dando vaga para fora”.

“Foi ela que me estimulou a voltar a jogar e comprar o CS:GO. Eu estava me estressando muito no LoL porque não conseguia chegar longe. Foi por causa disso que voltei a jogar CS”.

Sem vontade da fazer faculdade, pancc continuou a focar no esporte eletrônico e em apenas um ano jogando CS:GO, Feilipe ingressou em seu primeiro time profissional na modalidade, a Avalanche.

“Meu primeiro time profissional foi a Avalanche. Começamos com o nome Infinity Gaming mas depois mudamos o nome porque fomos contratados pela organização. Um mês depois de entrar já estava disputando a Liga Pro. A primeira Liga Principal que eu joguei eu subi [para a Pro]”.

“É muito irônico. Das outras vezes que eu tentei na minha vida inteira eu demorei anos e não conseguia de jeito nenhum chegar longe. Em um ano de CS:GO eu consegui, foi algo muito rápido”.

A ENTRADA NA W7M

Após uma rápida passagem que acabou não dando muito certo na LDDM e-Sports, pancc se juntou à W7M Gaming em março de 2018, equipe que permanece até hoje.

“O convite para entrar na W7M veio por parte da própria equipe e dos jogadores. Eu já conhecia todo mundo, jogávamos pug na GC e já éramos amigos, achei boa a proposta e aceitei. Já era um time bem famoso, eles tinham sido campeões de quase tudo no ano que entrei, Liga Pro, BPL, etc”.

“Minha adaptação na W7M foi muito rápida. Eu evolui muito no estilo de jogo da equipe, eu era bem cru como jogador mas fui aprendendo bastante coisa conforme fui jogando aqui”.

O BOM DESEMPENHO DA EQUIPE COM A ENTRADA DE PANCC

Com a entrada de pancc, a W7M passou a competir por todos os troféus do Brasil. Mesmo não conseguindo vencer uma boa parte dos campeonatos, a organização era sempre citada como uma das melhores equipes nacionais ao lado da FURIA, Yeah e Virtue.

“O time estava bem confiante, jogávamos a maioria dos campeonatos que podíamos e nessa época já treinávamos muito. Tínhamos um bom horário de treinos e estávamos disputando entre os grandes do Brasil”.

Mesmo com os bons resultados da W7M, faltava o principal, vencer títulos. Por conta disso, mudanças tiveram que ser feitas e em junho de 2018 a equipe decidiu retirar Lucas “luk” Soares para entrada de Ramon “RMN” Toledo. A troca fez efeito e em pouco tempo a equipe encaixou.

“Estávamos treinando a muito tempo e não conseguíamos chegar longe ou sempre batíamos na trave por causa de algum detalhe. Decidimos fazer uma reunião, rolou muita conversa e acabamos fazendo essa mudança. A chegada do RMN ajudou muito a equipe na questão da mira, porque ele é muito bom individualmente, além de ter ajudado na velocidade do nosso estilo e jogo”.

“O nosso time melhorou muito com a entrada do RMN. Continuamos batendo na trave nas Ligas Pro e na Aorus, nessa época ainda tinha a FURIA no cenário, que estava muito forte. Quando eles foram para os EUA nós começamos a melhorar ainda mais”.

Em outubro, quatro meses após a entrada de RMN na equipe, pancc venceu seu maior título na carreira. A W7M encarou a Team Wild na grande final da Brasil Game Cup 2018, vencendo a série md5 por 3 a 2.

“Chegamos na BGC bem preparados, nós tínhamos treinado muito para o campeonato e conseguimos ganhar o título em cima da Wild, que foi nosso principal rival em 2018”.

“Foi uma série muita cansativa, foram cinco mapas no total. Começamos bem, vencemos o primeiro mapa e perdemos o segundo, logo depois ganhamos de novo e perdemos novamente. Com a série empatada em 2 a 2, conseguimos vencer o mapa decisivo e levantar o troféu”.

Logo na sequência, aconteceu o principal torneio do cenário brasileiro de CS:GO, a GC Masters. A W7M conseguiu chegar na grande final do torneio, porém acabou perdendo para a rival Team Wild por 2 a 0.

“A GC Masters foi um campeonato muito bom e muito bem organizado, eu acho que foi o melhor campeonato do Brasil. A final foi um jogo bom, acabamos perdendo por 2 a 0, mas levamos isso como aprendizado para o futuro”.

MAIS UMA MUDANÇA

Mesmo com ótimo desempenho da W7M, que era considerada ao lado da Team Wild como melhor equipe do Brasil, mais uma mudança foi feita. Ramon “RMN” Toledo deixou a equipe para entrada de Antonio “realziN” Oliveira.

“A mudança do RMN foi uma decisão em equipe nossa. As coisas não estavam muito bem fora do jogo em termos de convivência e preferimos fazer uma mudança. Decidimos chamar o realzin para o time. A reação dele foi muito boa, então optamos por escolher ele”.

“A entrada do real melhorou muito nosso conjunto e nossa convivência, que era o principal fator, e ficamos mais unidos. Mudamos uma característica de jogo nossa também, antes éramos mais individuais e passamos a ser mais táticos”.

EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL COM A LUMINOSITY

No início de 2019, pancc recebeu um convite da Luminosity Gaming para disputar a iBUYPOWER Masters pela equipe como complete. Como Ricardo”boltz” Prass estava tendo problemas de visto, pancc foi chamado para jogar o campeonato que aconteceu em Los Angeles, onde enfrentou times como Astralis, FaZe Clan e Team Liquid.

“Foi uma experiência muito boa e foi muito louco jogar contra esses times. A organização do campeonato não foi muito boa, tiveram alguns problemas técnicos na arena e nossas partidas não foram transmitidas, mas foram jogos de alto nível. Os resultados também não foram muito bons, perdemos para Liquid e FaZe, mas sinto que para mim foi muito bom e me tornei um jogador melhor do que eu era antes”.

RIVALIDADE COM A ISURUS E VAGAS PARA TORNEIOS DA DREAMHACK

Após o desmanche da Team Wild no fim de 2018, a W7M parecia que se isolaria como melhor time do Brasil, porém outras duas equipes passaram a crescer e a chegar sempre no topo. A DETONA Gaming e a Isurus Gaming começaram a conquistar títulos após títulos, muitos deles em cima de pancc, o que foi formando uma rivalidade.

“Nós sempre jogamos para vencer, mas perder faz parte do esporte. Aconteceu sim de perdemos algumas finais para a DETONA, mas não sei se enxergo eles como nossos principais rivais. Acho que nosso rival aqui no cenário é a Isurus, isso no meu ponto de vista. Nossa história com eles vem desde o ano passado e considero eles por essa questão de tempo”.

Recentemente, a W7M disputou finais de dois qualificatórios para torneios organizados pela DreamHack, ambas contra a Isurus. Na primeira delas, que daria vaga para a DreamHack Masters Dallas, a equipe de pancc acabou perdendo por 3 a 2.

“Está aí mais uma prova da Isurus ser nossa principal rival. Jogamos contra eles na final do qualificatório para a DH Masters Dallas e abrimos 2 a 0, mas acabamos tomando a virada. Foi uma grande série com todos os jogos apertados e perdemos a vaga. Ficamos bem tristes, eu fiquei muito mal”.

Pancc teve sua revanche uma semana depois, quando a W7M venceu a Isurus na final do qualificatório para a DreamHack Open Rio de Janeiro, dessa vez por 2 a 1.

“No qualificatório seguinte enfrentamos eles novamente e dessa vez conseguimos sair com a vaga. São por esses motivos que considero os argentinos nossos rivais. A sensação de poder jogar um campeonato internacional foi indescritível”.

A DREAMHACK RIO E A ESL LA LEAGUE

A W7M jogou nos últimos dois meses dois campeonatos presenciais muito importantes, a DreamHack Open Rio e a ESL LA League. No primeiro, a competição era muito forte, com equipes top 30 do mundo como FURIA, AVANGAR e Valliance.

“Jogar a DreamHack Open Rio foi um aprendizado para nós, porque não temos muitas oportunidades de enfrentar times internacionais, então o evento em si foi muito bom e proveitoso para nossa equipe”.

Logo na sequência, a W7M disputou a ESL LA League Season 4, onde bateu a DETONA na grande final.

“Ganhar a ESL LA League foi bom, sendo em cima da DETONA foi melhor ainda. Acredito que os caras precisavam por um pouco os pés no chão, principalmente porque estão começando a jogar agora”.

O FUTURO DA W7M

Campeã de quase tudo no Brasil, a W7M tem planos para competir fora do país. A organização planeja em um futuro não tão distante seguir os passos de FURIA, Team oNe e MIBR de buscar voos mais altos.

“Pensamos em ir para fora sim, jogamos para isso, para representar a bandeira do Brasil lá fora. Eu me cobro muito sobre isso, quero muito representar o nosso país da melhor maneira possível porque faz as pessoas de fora olharem para cá e isto é o nosso objetivo. Pretendemos ir para fora sim e jogar no mais alto nível”.

Pancc é considerado um dos melhores jogadores em atividade no Brasil. O rifler de apenas 21 anos tentou de diversas formas chegar ao mais alto nível do esporte eletrônico e após muita persistência, ele conseguiu. O menino que um dia sonhou em ser astronauta, hoje está no topo do cenário nacional de Counter-Strike e ainda tem muito o que mostrar para o mundo.

BETBOOM
Pedro Mitke
publicado em 30 de maio de 2019, editado há 5 anos

Matérias relacionadas

Logo MaisEsports
© Todos os direitos reservados à maisesports