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Consertando a Dallas Fuel

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Decepcionante. Essa é a primeira palavra que vem a mente do espectador da Overwatch League quando se trata da Dallas Fuel. Mais do que Shanghai Dragons, que até agora não emplacou nenhuma vitória na liga. Mais do que Seoul Dynasty, que nas palavras do técnico Baek Kwang-Jin esperava ganhar 90% das partidas e no momento está quase fora dos playoffs.

E não é à toa. As expectativas da franquia texana eram enormes, as mais altas do ocidente. Isso porque, na era pré-OWL, o antigo EnVyUs se estabeleceu como o melhor time fora da Coréia. Ganharam a primeira edição da OGN APEX, a MLG Vegas, o Overwatch Contenders norte-americano, fora as habituais sequências de vitórias online.

O núcleo de Timo “Taimou” Kettunen, Hyeon “EFFECT” Hwang, Pongphop “Mickie” Rattanasangchod, Christian “cocco” Jonsson, Sebastian “chipshajen” Widlund e Jonathan “HarryHook” Tejedor Rua ainda recebeu adições, com Brandon “Seagull” Larned, Scott “Custa” Kennedy e Félix “xQc” Lengyel se juntando ao plantel. Uma line-up que antes era unidimensional, agora teria mais flexibilidade e teoricamente poderia usar a tática de dive.

Mas duas semanas após o início do campeonato, deu para perceber que toda a empolgação em volta dos meninos de azul foi exagerada. Embora o cronograma inicial fosse difícil  —  com duas potências coreanas e duas formidáveis equipes ocidentais  — , o esperado era que ganhassem ao menos duas das quatro primeiras partidas. Mas perderam todas, cada uma gradativamente pior que a anterior.

Dallas Fuel Players
Mickie e Custa andando ao palco para iniciar a temporada (Robert Paul pela Blizzard Entertainment)

Logo foram criadas várias suposições para a repentina queda de rendimento desse esquadrão histórico: a comissão técnica fez muitos experimentos com o roster, acarretando na perda de sinergia entre os jogadores originais; as outras franquias montaram formações tão boas na mecânica quanto; ou os membros antigos simplesmente perderam a habilidade. Era difícil determinar uma causa em especial, mas uma coisa era certa: a Fuel precisava mudar. E rápido.

Infelizmente para os fãs de Dallas, a situação só piorou. Kyle “KyKy” Souder, técnico da equipe, não conseguiu consolidar seis jogadores como titulares por mais do que uma semana. Isso porque os jogadores ficaram doentes, foram suspensos ou simplesmente sumiram sem explicações  —  como foi o caso de cocco. Até agora, foram testadas trinta combinações diferentes, mais do que qualquer um da liga, e até o lendário DPS Taimou se dispôs a ser Main Tank.

Não só isso, mas o clima pareceu completamente destruído por boa parte da temporada. Kim “Rascal” Dong-jun e Dylan “aKm” Bignet, adquiridos na janela de transferências, foram trocaram farpas nas redes sociais por causa dos motivos pelos quais jogaram  —  ou não  —  de Genji. Taimou também expressou ao público sobre como perdera confiança na própria mira e xQc soltou com frequência alguma polêmica durante transmissões ao vivo.

Ademais, a estrutura montada pelo fundador e CEO Mike “hastr0” Rufail foi até então muito precária. Os jogadores só contaram inicialmente com um técnico e um General Manager. Depois veio um analista e um ex-jogador de Starcraft do EnVyUs para se relacionar com os coreanos. Em contrapartida, a norma entre as outras franquias é ter múltiplos treinadores e analistas, alguém que ensine coreano, um cozinheiro e psicólogos. Esse último, por sinal, seria de grande serventia para acabar com o ego entre eles.

Sabendo de tudo isso, é seguro dizer que a primeira edição da Overwatch League está acabada para Dallas Fuel. Nem se ganharem todos os dez jogos restantes e houver um completo colapso da Los Angeles Valiant, a sexta colocada, eles conseguiriam uma vaga nos playoffs em julho.

Às vezes equipes com muito aguardo falham, apenas para depois se reerguerem mais fortes. Foi o caso da Longzhu no League of Legends, que montou um super time em 2016 e somente no segundo semestre de 2017 colheu frutos com indivíduos inteiramente diferentes. Mas essa virada de jogo não vai cair do céu.

Primeiramente, eles deverão reestruturar o corpo técnico. Já foi noticiada a aquisição do assistente Kang “Vol’Jin” Min-Gyu, que atuará ao lado de Emanuel “Peak” Uzoni. Os dois responderão a um eventual Head Coach, que precisará ter um histórico de sucesso e uma mão firme para controlar e guiar os jogadores. Um tradutor e um chefe de cozinha coreano também serão essenciais.

Depois, eles terão que abrir espaço na formação. A Blizzard só permite doze jogadores no roster, então para fazer todas as mudanças haverá a necessidade de cortes. A demissão de cocco é a mais óbvia, visto que ele foi pouco utilizado durante a temporada. Mickie, por sua vez, também perderia espaço por ter um estilo ultrapassado de D.Va. Os dois, porém, poderiam ficar na organização como auxiliares. Por último, aKm teria que ser trocado porque divide a mesma pool de heróis que Taimou.

Dos jogadores restantes, EFFECT e a dupla de suportes de Benjamim “uNKOE” Chevasson — que veio da Valiant no início da Fase 3  —  e HarryHook seriam titulares. A Fuel teria que procurar, portanto, por um novo Tank, Flex e DPS. Por sorte, há três jogadores esquentando banco que seriam perfeitos para vestir as cores azuis.

Kim “KuKi” Dae-kuk, o primeiro, raramente joga por Seoul. A última vez que apareceu no palco da Blizzard Arena foi há seis semanas, e antes disso ficou mais um mês sem jogar. Quando inicia no lugar de Gong “Miro” Jin-hyuk, é ele quem dá as chamadas in-game e dentre os coreanos da OWL, é quem provavelmente tem o melhor inglês. Cairia, então, como uma luva e poderia servir de mentor de Son “OGE” Min-seok, no futuro.

Kang “Void” Jun-woo, que ainda não estreou pelos Los Angeles Gladiators, seria a escolha ideal para Flex. Isso porque por muito tempo fora conhecido como o melhor D.Va do planeta e mesmo não falando muito inglês, teria KuKi ao lado para fazer traduções. O tanque Baek “Fissure” Chan-hyung disse que a fluência de Aaron “Bischu” Hyung-seok em inglês foi essencial para que se adaptasse, então a dinâmica seria similar.

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Uma das últimas aparições de Void, na S4 da OGN APEX (Kuma Picture)

Para fechar a line-up titular, George “ShaDowBurn” Gushcha viria para realmente suprir a ausência de um especialista em projéteis em Dallas. Ele perdeu a vaga na Philadelphia Fusion, mesmo sendo um dos melhores Genji da liga, mas encontraria uma casa na qual seria capaz de bater de frente com oponentes como Park “Architect” Min-ho e Kim “Libero” Hye-sung.

Em tese, isso seria o bastante para ter versatilidade e começar a jogar com tranquilidade as partidas da segunda temporada. Mas a tendência é que todas as franquias tenham doze jogadores no intuito de fazer treinos internos. Por isso, Seagull, Taimou, chipshajen e OGE teriam que ser mantidos nas reservas de Flex, DPS, Suporte e Main Tank, respectivamente.

Para completar o banco, seria necessário um jogador de Tracer e um outro Suporte. Dos jogadores que atualmente não disputam a Overwatch League, Tuomo “Davin” Leppänen e Adam “Adam” Eckel são opções de alta qualidade. O primeiro, particularmente, tem muita experiência e é finlandês como Taimou, então haveria sinergia prévia. O time B seria flexível o suficiente para rodar estratégias de dive, triple tank e triple DPS, o que seria de grande ajuda pro A.

Essa reformulação potencialmente elevaria o EnVyUs do passado às alturas prometidas. São contratações ao alcance da administração, não seriam caras e os jogadores tenderiam a se encaixar bem. Se eles querem realmente ser o melhor do ocidente, esses são os passos que devem seguir.

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Rick Birman
publicado em 8 de maio de 2018

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