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Cloud9 e TSM deram tiros no pé na offseason

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Era a terceira semana do Summer da North America League Champioship Series de 2018. Team SoloMid e Cloud9, as duas maiores franquias dos Estados Unidos, estavam prestes a se enfrentar na Partida Destaque em meio a dificuldades com line-up e staff. A primeira mantinha marca de duas vitórias e duas derrotas, enquanto a segunda tinha um triunfo e três fracassos.

As duas equipes estavam sérias durante os Picks & Bans, provavelmente para decifrar o que seria designado para qual rota no louco meta do 8.12. Era por causa exatamente disso que Zachary “Sneaky” Scuderi não estava no palco, mas em vez dele Nicolaj “Jensen” Jensen na cadeira de bot laner e Greyson “Goldenglue” Gilmer na de mid. No fim do draft, Bok “Reapered” Han-gyu e Ham “Lustboy” Jang-sik se cumprimentaram e saíram de cena para o inicio do jogo.

Cinco titulos. Dez aparições em finais. Classificação para todos os Worlds. O time que mais representou a América do Norte no Mid Season Invitational e a maior base de fãs da região. Não eram poucas as conquistas da Team SoloMid indo para aquela melhor-de-um. Similarmente, Cloud9 vinha com dois títulos, cinco finais no total e cinco idas ao Mundial  —  sendo a organização norte-americana que chegou mais perto de uma semifinal.

Mas o embate começou e o nível apresentado pelas duas potências contrariou tudo o que normalmente se espera do clássico. No lugar de lutas resolvidas por mais alta mecânica, decisões de macro inteligentes e um jogo clean, viu-se um duelo marcado por Flashes equivocados, dives mal calculados, chamadas executadas de forma errada, entre outros. Muito diferente da final do Spring de 2017 entre as duas, por exemplo. Para piorar, aos 35 minutos Andy “Smoothie” Ta e companhia iniciaram o Barão sem a presença de Dennis “Svenskeren” Johnsen, o que em última análise resultou na virada do time inimigo.

Jensen e Goldenglue ainda não conseguiram vencer juntos (Riot Games)

É fato que houve um declínio entre as duas gigantes. E ele pode ter se acentuado agora, mas já vem desde a última etapa. A Cloud9 teve um bom início de Spring, onde até ficaram invictos por algumas semanas e pareceram a melhor equipe americana, mas caíram de produção quando o meta divergiu da zona de conforto. A TSM, por sua vez, nunca realmente se adaptou às mudanças do roster. Ora jogava muito bem, ora jogava muito mal.

Tudo isso aconteceu por causa dos tiros no pé que deram na offseason.

Nos últimos dois anos, os meninos de azul foram representados por Jung “Impact” Eon-young, Juan “Contractz” Arturo Garcia (William “Meteos” Hartman antes dele), Jensen, Sneaky e Smoothie. Pela primeira vez eles não dependeram da liderança de Hai “Hai” Du Lam, mas sim de um sistema democrático de shotcalling.

Para esse ano, perderam o veterano topo e dispensaram o jovem caçador, o que abriu espaço para a vinda do novato Eric “Licorice” Ritchie  —  um dos nomes mais brilhantes do Circuito Desafiante  —  e do inconstante Svenskeren, que fora campeão dos últimos três splits.

Em tese, Licorice seria uma escolha com mais potencial que Impact. Isso porque é jovem  —  e portanto mais lapidável  —  e, em contraste, tem na champion pool campeões carregadores como Fiora e Camille. Ao mesmo tempo, Sven seria ideal para a dinâmica de jungle-mid por já conhecer Jensen e dividir a mesma nacionalidade que o meio. O que Jack Etienne, dono da C9, não antecipou, porém, é que se desfazer da antiga line-up seria prejudicial para uma área de muita importância no League of Legends: comunicação.

A crença era de que Smoothie liderava majoritariamente o esquadrão, sendo a principal voz em lutas. decisões de rotação e afins. Mas agora que estão em frangalhos e o suporte até foi substituído no início por Tristan “Zeyzal” Stidam, dá para perceber o quão importante era a voz de Impact para o grupo. Baseado em entrevistas, o campeão mundial dava confiança para as chamadas e organizava os companheiros quando estes estavam agitados.

Svenskeren não parece ser um caçador muito comunicativo, especialmente após ser dispensado da TSM por esse mesmo motivo. Isso, somado aos problemas de pool  —  como nunca ter jogado de Camille e realisticamente só estar seguro com Sejuani ou Lee Sin —, leva à conclusão de que as movimentações da Cloud9 foram precipitadas.

Licorice é habilidoso e até o intervalo para o Rift Rivals vem sendo a única peça brilhante do time. Mas se a ideia era realmente desenvolvê-lo como titular, era essencial contratar um jungler que ajudasse na comunicação. Pense num Joshua “Dardoch” Hartnett ou Marcin “Jankos” Jankowski da vida. Os dois ficaram free agent na pausa entre temporadas. Caso o recrutamento de Sven fosse mesmo o desejo, então Smoothie teria que ser sacado em favor de um shotcaller consagrado como Zaqueri “aphromoo” Black. Seria mais arriscado, contudo.

Em situação parecida, a TSM do ano passado foi atormentada por falhas de comunicação, em grande parte provenientes de Svenskeren e Vincent “Biofrost” Wang. Por isso, liberaram os dois, junto com a estrela Yiliang “Doublelift” Peng e adquiriram Mike “MikeYeung” Yeung, Jasper “Zven” Svenningsen e Alfonso “mithy” Aguirre Rodrigues.

A TSM é um dos times mais passivos e isso pode prejudicá-los (Riot Games)

mithy foi imprescindível para o sucesso de Origen e G2 pelo fato de saber liderar tanto dentro como fora da Summoner’s Rift. A parceria de longa data com Zven, inclusive, foi um bônus. MikeYeung também foi chamado por habilidades comunicativas e pelo espaço para melhoras.

A questão, nesse caso, é que os problemas da equipe foram involuntariamente propulsionados. Søren “Bjergsen” Bjerg e companhia já eram um time passivo e resistente a fazer jogadas, o que ficou evidente no último Mundial. Num grupo teoricamente fácil, com Team WE, Flash Wolves e Misfits, tiveram déficit de 1.889 de ouro aos quinze minutos e uma Taxa de Early Game de 31.3, os piores do Main Stage.

Com os novos jogadores, isso piorou porque MikeYeung, sendo o novato de um time dessa magnitude, teve problemas de confiança e pouco criou como titular. Tanto que foi recentemente substituído por Jonathan “Grig” Armao. E a nova bot lane tem um estilo muito diferente da antiga: esta tomava a dianteira por meio de trocas e da agressividade, enquanto aquela prefere freezar ondas de minions e ficar mais segura. Também não ajuda o fato de mithy ter se tornado desmesuradamente irregular.

Isso significa que a atual TSM dificilmente vai ser proativa no Early. São, por sinal, um dos piores times desse split nesse quesito com déficit de ouro de 404 aos quinze e 39.8 de TdEG. A eles serão entregues vitórias, como fizeram Counter Logic Gaming, Golden Guardians e Cloud9, ou simplesmente serão destruídos, como contra Team Liquid e Clutch.

A perda de Doublelift foi crucial para isso porque ele dava no mínimo um pouco de agressividade ao coletivo. Também supostamente fazia chamadas de Barão e dives, que são mais ousadas e requerem confiança. Ao trocá-lo, perderam essa voz e no lugar se aprofundaram no estilo macro da G2  —  adaptado da Coréia e que a América do Norte tenta tanto copiar.

Cloud9 e TSM fizeram grandes mudanças na offseason e à essa altura já dá para dizer que não deram certo. Com dez Championship Points cada uma, o caminho para o Mundial será difícil e é capaz de ambas não classificarem. A região, no entanto, está bagunçada pelo meta e não há um franco favorito, o que pode tanto ajudar como prejudicar. Resta aguardar pelo final da temporada.

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Rick Birman
publicado em 10 de julho de 2018

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